O pedagogo alemão Christoph Keller (1638-1707) escreveu três manuais de História, dividindo-a em três períodos: Idade Antiga, Idade Média e Idade Moderna. O período do segundo volume (Idade Média) se estende desde o Imperador Constantino (324) até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1454), e foi curiosamente designado como “Idade das Trevas”. Essa pecha atribuída aos medievais ainda permanece viva em alguns livros didáticos, apesar das pesquisas historiográficas do século XX mostrarem as riquezas do período.
Após inúmeras guerras, o imperador Carlos Magno (séc. IX) percebeu que para fortalecer e unificar o seu reino era preciso valorizar a educação. Para tanto, reuniu os grandes intelectuais da época e formou um programa de estudo. Nascem então as chamadas artes liberais: Trivium (Lógica, Gramática, Retórica) e Quadrivium (Aritmética, Música, Geometria, Astronomia). Após a aquisição do domínio das Artes Liberais, ganhava-se o título de bacharel. Com o tempo, este terá três funções: (i) Legere, dar aulas; (ii) Disputatio, realizar disputas, e (iii) praedicare, pregar o evangelho. Em seguida, o bacharel estava preparado para aprender as artes liberais superiores: Teologia, Medicina e Direito. Concluído o estudo de uma dessas disciplinas, recebia o título de Magister, ou seja, apto a ensinar.
Foi essa estrutura pedagógica que deu origem às universidades, espaço de enorme riqueza cultural: Universidade de Bologna (1088), Paris (1150), Oxford (1167), Cambridge (1209), Salamanca (1218), Pádua (1222), Nápoles (1224), Toulouse (1229), Siena (1240), Valladolid (1241). Ouso dizer ser plausível afirmar que a universidade talvez esteja entre os maiores legados que o período medieval deixou para a modernidade.
Nas universidades houve mais espaço para os clássicos da Antiguidade, especialmente Platão e Aristóteles, mas o progresso mais notável foi no campo da lógica. O método de estudo até então era a glossa do texto, consistindo em explicar o sentido de cada palavra (Bíblia e os padres da Igreja). O resultado era a construção de sentenças, frases concisas que resumiam uma dada teoria teológica. Diante da multiplicidade de sentenças, surge Pedro Lombardo (séc. XII), um padre com formação em Filosofia e Teologia, que recolhe essas sentenças para assim expor, de forma mais sistemática, a teologia cristã. Sua obra Quatro Livros das Sentenças, por um lado, foi nula do ponto de vista criativo, já que Pedro Lombardo não escreveu nada. Por outro lado, no entanto, realizou um trabalho extremamente relevante, não só pela escolha, mas pelo ordenamento das sentenças. Com efeito, a teologia tornou-se comentário das sentenças elencadas por Pedro Lombardo. Havia, contudo, um problema: como conciliar algumas sentenças aparentemente divergentes? Essa questão nos permite refletir sobre uma importante colaboração de um dos autores mais conhecidos do período medieval: São Tomás de Aquino.
O Doutor Angélico, como ficou conhecido no universo católico, criou um novo método: a questão (quaestio). Depois de um texto ser lido e glosado, eram apontadas dúvidas e divergências entre as passagens. Criava-se então uma questão, a qual impelia o autor a desfazer as divergências. É assim que São Tomás subverte o modo vigente de se fazer teologia, aquele pautado pelos comentários das Sentenças, e incorpora a quaestio, o que permite a elaboração pessoal do autor. Foi nesse ambiente do século XIII, destaca o filósofo brasileiro Carlos Arthur do Nascimento, que surge a ritualização institucional da disputatio: “Essa forma de debate universitário resultou da instituição e ritualização da quaestio (questão)”.[1] A disputatio, assim como foi interpretada pelo filósofo português Joaquim de Carvalho, marca o início de uma mudança importante no ensino medieval, essencialmente livresco, regulado por um conjunto de textos predeterminados a serem lidos (lectio) pelo mestre “para a assimilação e sistematização coerente de um saber já constituído”[2]: as disputationes são um contraponto à atitude educacional estritamente passiva, despertando “a atividade intelectual dos alunos”.[3]
A disputatio fez da universidade medieval palco de um vivo debate de magistri (mestres) dispostos a encarar os desafios intelectuais que lhes eram propostos por seus alunos e colegas de cátedra. “No século XIII a disputa se reveste do caráter de um verdadeiro torneio intelectual em que as armas são os argumentos”.[4] Divididas em quatro modalidades, “as disputationes podiam ser: ordinárias, nas quais o mestre formulava o tema da disputatio (ou quaestio), assistia à respetiva discussão e terminava por formular a resolução; gerais ou de quodlibet, que versavam sobre temas livres (quaestiones de quodlibet), mais solenes, e que tinham lugar, em regra, pelo Natal e pela Páscoa; magistrais, entre dois mestres, sustentando cada um o seu modo de ver; e sophismata, que eram justas dialéticas para a demonstração ou refutação de paralogismos”.[5] A partir da fórmula pro, contra e solutio, à questão (ou tese) inicial expunham-se as razões afirmativas (pro), seguidas da posição contrária (contra) e, por fim, a elaboração de uma possível solução (solutio) ao problema apresentado. As quatro modalidades de disputationes nos apresentam aspectos relevantes destes eventos.
As “disputas ordinárias”, por terem a participação do mestre e dos alunos, tinham uma função formativa: provocado pelo mestre, que apresentava uma questão (ou tese) e os argumentos favoráveis (pro), o aluno reagia construindo objeções (contra) e, ao final, o docente tomava a palavra e discorria sobre argumentos pro e contra a fim de desenhar uma resolução geral do embate (solutio).[6] As outras três modalidades ultrapassavam o objetivo formativo, apesar de não prescindirem dele: (i) as disputas gerais ou quaestiones de quodlibet (questões sobre temas livres), (ii) as entre dois mestres e as (iii) sophismata, demonstração ou refutação de raciocínios falsos.
Quando esses eventos aconteciam, todos os cursos eram suspensos: os bacharéis eram obrigados a assistir ao debate, assim como os estudantes do mestre que disputava, atraindo pessoas de todas as regiões. Ao final, depois de transcrito e organizado, o debate deveria ser depositado na faculdade em que acontecia, sob pena de multa.[7]
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Após essa breve exposição histórica, fico imaginando a expectativa que uma disputatio criava nos estudantes, bacharéis e mestres, assim como a pompa palaciana do evento, uma espécie de tribunal disposto a condenar um único réu: a ignorância. Se o leitor me permite uma modesta comparação, o que sobrava entre os medievais – a vivacidade de uma disputatio – falta na universidade contemporânea.
Por esse motivo, o Núcleo de Estudos Agostinianos do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP – LABÔ ressuscitou a disputatio, acrescentando a ela o subtítulo: a filosofia está viva. Essa atividade, de origem medieval, sempre esteve em sintonia com os grupos de pesquisa que antecederam o LABÔ: Religião, Teoria e Experiência e NEMES (Núcleo de Estudos de Mística e Santidade), ambos coordenados pelo professor Luiz Felipe Pondé, agora diretor acadêmico do LABÔ. Esses grupos eram espaços em que cada pesquisador apresentava seus projetos, capítulos de dissertações e teses para que um grupo volumoso utilizasse o tempo restante para críticas avassaladoras acompanhadas de poderosas sugestões. Todo pesquisador passava por esse rito de queda e ascensão epistemológica. Muitos foram os coordenadores e pesquisadores do LABÔ que vivenciaram esse espaço de controvérsia. O projeto Disputatio – A filosofia está viva é uma forma de reviver aquele espaço de busca da verdade, contudo, agora para um público mais amplo.
Tive o prazer de mediar os cinco primeiros debates, que aconteceram de forma virtual, estrutura adaptada ao inesquecível ano de 2021, no qual pudemos conhecer de perto a contingência, as dores do mundo, a doença desacompanhada, as mortes de entes queridos, o desemprego, a fome e o desespero causados pela pandemia do coronavírus. Na fase preparatória, uma questão era levantada e cada parte assumia posições divergentes na querela. No dia do evento, após uma breve saudação às inúmeras pessoas que acompanhavam a disputatio, cada debatedor tinha dez minutos para apresentar suscintamente o seu posicionamento. Findas as primeiras exposições, eu fazia uma pergunta a cada um dos debatedores: para cada resposta, havia uma réplica e uma tréplica. Em seguida, chegávamos àquilo que eu chamava de o “coração da disputatio”: os debatedores faziam perguntas uns aos outros. Encaminhando-nos para a conclusão, uma ou outra questão ainda era levantada e, após as respostas e comentários, cada debatedor fazia as suas considerações finais. A única exortação que fiz aos expositores foi de que evitassem argumentos ad hominem, algo que certamente retiraria o brilho do debate. Reconheço que, durante os preparativos, havia uma justa e prudente apreensão por parte dos organizadores, já que os humores poderiam ultrapassar os limites da cordialidade, condenando todo o nosso esforço ao Hades, a “morada dos mortos”. No entanto, confesso que sempre tive a convicção de que ainda havia pesquisadores brasileiros dispostos a debater com inteligência, humor e elegância. O leitor poderá constatar que não fui traído por minha intuição estranhamente otimista: tivemos excelentes debates.
A primeira disputatio teve como título “O que é a Realidade?”. O primeiro debatedor, Carlos Alberto A. de Sousa, um amigo de longa data que nos últimos anos tem se dedicado à filosofia analítica, afirmava que “As ciências empíricas, herdeiras da Filosofia, constituem nossa melhor forma de conhecimento sobre a realidade do mundo”. Do outro lado, um jovem pesquisador, Willian Cardoso, leitor de Aristóteles, e que buscava fazer uma defesa da proeminência da filosofia ante o cientificismo vigente, dizia que “As ciências empíricas conhecem a realidade parcialmente, mas é a Filosofia que busca investigar seu fundamento último, o Ser”.
A segunda disputatio, pautada pela pergunta “Esperança ou desespero diante do mundo?”, teve a ilustre participação de duas figuras muito simpáticas do LABÔ: de um lado, Adriana Novaes, estudiosa de Hannah Arendt, afirmava que “A esperança não nega necessariamente a dúvida, mas é a insistência na nossa capacidade de suportá-la”; do outro lado, um pascaliano, Ricardo Mantovani, confiante de que a pergunta dessa disputatio lhe era demasiadamente favorável, já que o mundo é um lugar propício ao desespero e, além disso, “O corpo incomoda, o eu é fútil, a razão é míope, a vida é curta, os interesses são escusos e a natureza, na melhor das hipóteses, é indiferente”. Por incrível que pareça, apesar do peso existencial intrínseco ao tema, o singelo humor dos dois debatedores foi um bálsamo para os espectadores.
A terceira disputatio foi a que me causou mais apreensão, não pela postura dos participantes, mas pelo tema espinhoso: “As políticas de cotas são relevantes?”. Nos últimos anos, dada a polarização – essa forma de preguiça do pensamento –, todos os temas que resvalam diretamente em questões políticas tendem à entropia. Fabiano Mina, sabiamente, apresentou uma frase metafórica que aparentemente revelava uma posição radical, “Cotas são perfumaria para um problema maior”, e Juarez Xavier, um intelectual de extrema fineza, sugeria que “As políticas de ação afirmativa são essenciais para a superação do racismo sistêmico”. Decerto não vou poupar o leitor de atravessar o texto para conhecer o resultado desse precioso debate, mas posso afirmar que esses dois pensadores do Brasil promoveram uma discussão riquíssima, brindando-nos com reflexões históricas preciosas e convidando-nos a enfrentar os desafios que a realidade brasileira nos impõe. Esse debate foi profundamente instrutivo para mim, que passei alguns anos estudando Joaquim Nabuco, pois percebi que este filósofo havia, de fato, profetizado: “Eu não acredito que a escravidão deixe de atuar, como até hoje, sobre o nosso país quando os escravos forem emancipados”.[8]
Na quarta disputatio, o tema foi, essencialmente, agostiniano: “A Graça é para todos?”. Essa pergunta costuma trazer muitas divergências, principalmente quando o debate deixa o casulo livresco e atinge a vida pastoral, ou seja, atravessa o coração daqueles que fazem da religião uma prática cotidiana. Agostinho, conhecido como Doutor da Graça, tinha uma preocupação intelectual e pastoral, mas preferiu deixar os pontos mais controversos dessa querela no âmbito teórico.[9] Contudo, os debatedores trouxeram a discussão para o cotidiano das pessoas, e a Graça desfilou entre nós. Frei Sergio Peres de Paula, frade agostiniano recoleto, afirmou que “Se a graça é para todos, então é preciso investigar o que a palavra todos significa”, enquanto André Anéas, pastor da Igreja Batista, contrapunha com uma provocação inteligente, que “A graça é para todos, mas é preciso entender o que significa graça”.
Para fechar o ano acadêmico, trouxemos ao público uma divergência que sempre aparecia em nossas discussões e propusemos a seguinte questão: “Assim como a Ciência, há progresso na Filosofia?”. Mais uma vez, tivemos como participante Carlos Alberto A. de Sousa, sustentando que “Sendo a Filosofia uma atividade cognitiva preocupada com o conhecimento verdadeiro, negar seu progresso nesse empreendimento é totalmente contraintuitivo”. Do outro lado, Ricardo Mantovani dizia que “Boa parte do chamado progresso da filosofia não passa de uma redução de seu escopo original”. Essa disputatio me fez lembrar uma passagem da obra Filosofia em Directo, do filósofo português Desidério Murcho: “A discussão, pública ou privada, é um instrumento de procura da verdade exclusivamente quando as pessoas envolvidas estão de boa-fé”.[10] Comprometidos com suas respectivas posições, e mesmo não havendo consenso, os debatedores mostravam-se dispostos a rever seus raciocínios – um sinal de sabedoria, algo raro em debates públicos.
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Sabemos que as disputationnes medievais eram transcritas e depositadas nas instituições onde aconteciam. Seguindo ipsis litteris esse espírito medieval, publicaremos a transcrição dos debates de 2021 e, em seguida, os debates de 2022, que foram coordenados por Ricardo Mantovani.
Gostaria de agradecer a todos aqueles que generosamente colaboraram com esse projeto: Gustavo Augusto da Silva, Gustavo Laureano Pinto, Maria Vanderlane de Araújo, Sérgio Peres de Paula, Talyta Manso Mesquita, Uiliam da Silva Grizafis e Willian Cardoso. Agradeço, ainda, ao pesquisador Heraldo Galan Reze, pela arte dos criativos posts de divulgação dos eventos. Agradeço, em especial, à Ana Lúcia Martins Mantovani, que transcreveu a maior parte das disputationnes; ao Pe. Cauê Ribeiro Fogaça, pesquisador do Núcleo de Estudos Agostinianos, que gentilmente me auxiliou nos ajustes formais dos textos transcritos; à Flávia Sarinho, também do Núcleo de Estudos Agostinianos, que com suas revisões remodela os textos a fim de fazê-los reluzir com mais intensidade; à Andréa Kogan, assistente acadêmica do LABÔ, imprescindível à realização de todas as atividades do laboratório; e ao diretor acadêmico do LABÔ, Luiz Felipe Pondé, que sempre cultivou em seus alunos o espírito de amizade, debate e controvérsia. Por fim, agradeço aos debatedores Adriana Novaes, André Anéas, Carlos Alberto A. de Sousa, Fabiano Mina, Juarez Xavier, Ricardo Mantovani, Sérgio Peres de Paula e Willian Cardoso, que corajosamente aceitaram o meu convite para participar das disputationnes, e sem os quais este projeto não teria existido.
Deixo-vos agora, caro leitor, com a esperança de que essas disputationes sejam um exemplo de que a universidade ainda pode ser um espaço “de contradição, paradoxo, oposição, antinomia, discordância e profundo respeito ao discurso alheio.”[11]
[1] NASCIMENTO, Carlos Arthur R. Santo Tomás de Aquino: o Boi mudo da Sicília. 2ª ed. São Paulo: EDUC, p. 27.
[2] CARVALHO, Joaquim de. Esboços de uma História da Educação. Disponível em: <http://www.joaquimdecarvalho.org/obra>. Acesso em 06/09/2021.
[3] CARVALHO, Joaquim de. Esboços de uma História da Educação. Disponível em: <http://www.joaquimdecarvalho.org/obra>. Acesso em 06/09/2021
[4] NASCIMENTO, Carlos Arthur R. Santo Tomás de Aquino: o Boi mudo da Sicília. Ibid., p. 27.
[5] CARVALHO, Joaquim de. Esboços de uma História da Educação. Disponível em: <http://www.joaquimdecarvalho.org/obra>. Acesso em 06/09/2021 (grifos meus).
[6] Cf. NASCIMENTO, Carlos Arthur R. Santo Tomás de Aquino: o Boi mudo da Sicília. Ibid., p. 28.
[7] Cf. NASCIMENTO, Carlos Arthur R. Santo Tomás de Aquino: o Boi mudo da Sicília. Ibid., p. 28.
[8] NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. Petrópolis: Vozes, 2012, p. 157.
[9] “No gênero pastoral, encontramos o mesmo conteúdo da graça que no sistemático, apesar de que, às vezes, a perspectiva seja adaptada ao gênero. Os sermões não negam a fé como sendo dada por Deus, mas consagram, contudo, uma atenção maior à responsabilidade humana, enquanto os tratados, às vezes, fazem o inverso” (DUPONT, Anthony. La doctrine de grâce de Sain Augustin: Aspects pastoraux et spéculatifs, Revue de l’histoire des religions, 1/2014. Disponível em < http://journals.openedition.org/rhr/8193>. Acesso em 06/09/2021. Dupont destaca a diferença entre os textos pastorais (compilação de sermões), nos quais há uma atenção maior ao esforço do fiel, e os tratados, obras destinadas a um público mais erudito e que, por esse motivo, Agostinho remete a atenção do leitor à ação de Deus como causa de toda boa ação. Bruyn também destaca o caráter livresco da discussão pelagiana após a condenação papal, em 411: “As teses foram condenadas; Celéstio deixou a África, apelando para o bispo de Roma; e nos anos seguintes a controvérsia foi confinada no papel, em tratados escritos por Agostinho, Pelágio e Jerônimo”. (BRUYN, Theodore S. de. Pelagius’s Interpretation of Rom. 5: I 2-2 I: Exegesis within the Limits of Polemic. In Toronto Journal of Theology. Volume 4, n. 1, mar. 1988, pp. 30-43, grifo meu).
[10] MURCHO, Desidério. Filosofia em Directo. Portugal: Relógio D’Água Editores, 2011, p. 86.
[11] MARTINS, Andrei Venturini. A verdade é Insuportável: ensaios sobre a hipocrisia. São Paulo: Editora Filocalia, 2019, p. 87.