Uma das coisas que mais temos orgulho no Labô é que damos a chance de fornecer a quem está interessado em determinado assunto ferramentas relacionadas à pesquisa, ao buscar o caminho das pedras com o objetivo de refletir de maneira crítica e, principalmente, ter bases para se ter opinião. Vejam os temas dos nossos grupos de pesquisa.
A ideia de se ter argumentos embasados e estudados para emitir qualquer tipo de opinião deveria ser obrigatória antes de escrever qualquer post em redes socias. Mundo utópico? Mundo ideal? Com certeza e praticamente impossível. Mas nem por isso vamos deixar de lutar.
Pensemos no seguinte: se você quer conhecer a obra de Hannah Arendt e entender o conceito de banalidade do mal, ou o que ela escreveu sobre as origens do totalitarismo, você deve LER. Simples. Compre os livros e leia. Você pode entrar no grupo de pesquisa e fazer leituras em conjunto, com apresentações de colegas que trazem outras referências, sob coordenação de alguém preparado (no nosso caso, Profa. Dra. Adriana Novaes). Mas você LÊ. E, quem sabe, toma consciência de que a quantidade de coisas que você não sabe neste mundo é imensa, e que as opiniões que você pode dar sobre Arendt são embasadas naqueles que a estudaram antes de você e que se dedicam anos aos pensamentos arendtianos.
Não estamos falando da necessidade de títulos de mestre ou doutor. Estamos falando da realidade de entendermos contextos e falarmos quando temos certeza do que estamos falando (outra utopia).
Ler textos só de internet, posts de redes sociais e indicações de sabe-se-lá-quem não formam opiniões embasadas. Vamos aos filósofos, historiadores, psicólogos, antropólogos, sociólogos que vieram antes de nós e já deixaram material para nós, mortais e pesquisadores.
Mas como filtrar? Como saber com quem falar, quem ouvir? Por isso também estamos aqui. Indicações de leituras fazemos nas redes há mais de 4 anos. Nossos coordenadores ensinam como fazer, sabem como tornar você um pesquisador. Ou pelo menos tentam, se você assim desejar.
Dizemos sempre uma coisa – não há opinião formada em minutos, não há texto (bom) escrito em 10 minutos. Impossível. A arte da leitura e da escrita demora anos para ser aprimorada.
Uma outra questão dependerá do assunto que você estuda. Será que só o português é suficiente quando estudamos um autor que só foi publicado em inglês e francês e leio só os comentadores? Será que não preciso ler o original? Sim, precisa. Há muitos cursos de línguas instrumentais possíveis. Em determinadas áreas não há possibilidade de ler só em português. Não é elitismo, não é nada disso. É o mundo real. Palavras na tradução são escolhas do tradutor, o que você entende também é outra questão, e a sua formação também é outra. São muitas variáveis para formarmos nossas próprias opiniões.
Como já li em mídias socias de forma divertida: “está permitido NÃO TER opinião sobre tudo”. Não é necessário falar e ter ideias originais sobre o marco temporal, Hegel, quem escreveu a Bíblia, os efeitos colaterais do stillnox, se é “bolacha ou biscoito”, ou, atualmente as questões que envolvem Israel e Palestina.
Quando escolhemos nossas pesquisas, não podemos ser masoquistas. Nossos temas têm que dar prazer, vontade de correr atrás dos materiais, dos especialistas e de tudo que for possível. Por isso, outra dica: você está dando opinião sobre determinado assunto porque a discussão é interessante para você? Tem ideais válidos e concretos em relação aos assuntos? Propostas que irão realmente ser relevantes? Ou é só para lacrar e não parecer alienado? Para dar o seu parecer a fim de mostrar ao mundo como você sabe de tudo? Não faça isso. Ninguém sabe de tudo.
Sei que é querer muito, mas seguimos tentando.
Imagem: Heraldo Galan