Entrevistas com líderes religiosos: morte, luto e pós-morte
Quando criamos o grupo de pesquisa MORTE E PÓS-MORTE, no início de 2020, reunimos pesquisadores diversos: advogados, jornalistas, psicólogos e tantos outros. Percebemos ao longo deste processo que todos têm seus talentos e inclinações distintas: uns para comunicações orais, outros para escrita, e todos, sem exceção, com interesse profundo na nossa temática. Muitos projetos estão sendo encaminhados e vários deles fruto de um interesse pessoal, íntimo e que fazemos questão de acompanhar e estimular. O projeto da pesquisadora Maria Cristina Baptista Navarra é um deles. A pesquisadora entrevista líderes religiosos com muita profundidade e sensibilidade, trazendo reflexões essenciais para o nosso mundo contemporâneo. Aproveite a leitura!
Andréa Kogan e Cris Guarnieri
Bispo Primaz Ricardo Padavini
IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA CARISMÁTICA
Retomada dos ensinamentos e tradições autênticas da igreja primitiva
Mesmo diante das transformações que marcam a sociedade contemporânea, com a valorização da ciência e da razão, as quais, teoricamente, resolveriam todas as demandas do indivíduo, a religião continua ocupando um espaço relevante. E isso porque, para o ser humano, não basta que todas as suas necessidades de subsistência sejam supridas, pois ele possui uma demanda por significado, respostas, um sentido para a vida, busca conforto espiritual e um modo de lidar com o medo da morte.
A religião, por sua vez, embora não tenha perdido sua relevância, sofreu transformações, nos últimos tempos, na forma de transmitir a mensagem religiosa e se aproximar dos fiéis – como no caso da Igreja Católica Apostólica Romana e o surgimento do movimento da Renovação Carismática Católica, incorporando alguns elementos oriundos do Pentecostalismo Protestante, mediante orações em línguas, liturgias animadas, música e “encontros pessoais” com Cristo. Mas tais transformações também geraram dissidências, entre as quais, a Igreja Católica Apostólica Carismática (ICAC), que se assemelha na forma, ritos, organização e conteúdo, mas não integra e não possui nenhum vínculo de subordinação com a Igreja Católica Apostólica Romana, e que é o objeto do presente texto.
A diferença fundamental da ICAC é ter por base a experiência pessoal do amor de Deus pela força do Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, descrito como conselheiro e consolador, que se manifesta através da concessão de dons aos Cristãos, tais como os da profecia, discernimento, sabedoria, cura, fé e milagres. É a recuperação da Igreja Primitiva, como era praticada na comunidade da Igreja Cristã formada pelos Apóstolos de Jesus, e aceitação dos dons que os indivíduos possuem, que podem ser vistos como divinos ou experiências anômalas (sobrenaturais).
Quem explica essa alternativa de ser católico fora do catolicismo romano é o Padre Ricardo Padavini, atual Bispo Primaz e presidente da Igreja Católica Apostólica Carismática em São Paulo, graduado em Ciências Políticas, pós-graduado em Gestão de Igrejas e Instituições Sociais e Teologias e Práticas Pastorais, casado e pai de dois filhos.
O Padre Padavini foi batizado na Igreja Católica Apostólica Romana, na qual permaneceu até os dez/onze anos de idade, momento em que passou a frequentar a ICAC, levado por sua mãe e onde, mais tarde, estudou Teologia e foi formado e ordenado pelo Bispo Primaz Dom Euclides Nunes, fundador e presidente da ICAC até 2016, ano de seu falecimento.
Conta que sua formação é Cristocêntrica, ou seja, Jesus como modelo de ministério, que seu encontro vocacional aconteceu gradativamente, mas logo sentiu o chamado de Deus para realizar Sua obra, desejo esse que só aumenta e permanece até hoje.
Ao discorrer sobre a ICAC, Padre Padavini opta sempre por reportar-se a citações da Bíblia e explica que realiza “todos os sacramentos que o Senhor Jesus deixou para a Igreja realizar, como o batismo, a eucaristia, as orações feitas na Igreja em todas as missas, além da prece do santo exorcismo expulsando demônios, como o próprio Senhor Jesus mandou os seus apóstolos fazerem.”. Que unge os fiéis “com óleo (bento) em todas as missas, como o Senhor Jesus mandou ungir”. E crê “na ação do Espírito Santo, que é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, porque o próprio Jesus disse que, quando Ele subisse aos céus, iria derramar o Espírito Santo sobre o seu povo.”
Quanto à forma pela qual esses dons do Espírito Santo são distribuídos, se apenas aguardam ser despertados ou se manifestam em pessoas especiais, Padre Ricardo prefere iniciar sua resposta de forma abrangente, explicando que “Deus distribui os dons do Espírito Santo a cada um conforme Ele quer”, mas que tais dons são para todos os que crêem, porque Jesus disse “estes sinais seguirão aqueles que crêem, em meu Nome, expulsarão demônios”; para, em seguida, concluir que Deus pode capacitar com dons do Espírito Santo algumas pessoas para determinadas funções eclesiásticas, visando ajudar o trabalho da Igreja, uma vez que esses dons servem a três propósitos: ministério, motivação e manifestação.
Mas se engana quem pensa que esses dons se manifestam repentinamente e sem qualquer controle do indivíduo, pois, como esclarece Padre Padavini, entre os dons concedidos pelo “Espírito Santo, está o dom do domínio próprio, que fortalece o eu interior para estar em comunhão com Deus”; embora, em seguida, ressalte que não é possível “medir, mesurar, calcular a ação do Espírito Santo, porque isso vai dentro do nosso entendimento, da nossa compreensão.”
Já, ao ser confrontado com as semelhanças entre a Igreja Católica Carismática e a religião Espírita, uma vez esta também crer em dons da visão, profecias, entre outros, mas entendidos como manifestações dos espíritos dos mortos, para o bem ou para o mal dos vivos e, até, às vezes, sem domínio da experiência, Padre Ricardo é taxativo ao afirmar que “de acordo com a Bíblia Sagrada, não há comunicação dos vivos com os mortos, então, de acordo com a Bíblia Sagrada, e nós cremos na Bíblia Sagrada, qualquer espírito que se manifeste, não sendo o Espírito Santo de Deus, não é o espírito de pessoas que já morreram, mas, para nós, são demônios que se apresentam em forma de pessoas que já morreram para persuadir, para enganar, porque, de acordo com a Bíblia Sagrada, não existe comunicação dos vivos com os mortos – como está escrito, está ordenado do homem morrer uma só vez, vindo após isso, o juízo. Por isso, quando a gente reza, a gente fala com quem, aqui na Igreja Católica Carismática? Falamos com Jesus. Porque ele morreu e ressuscitou. Ele está vivo. Então, é com Jesus que nós falamos”.
Ou seja, para a ICAC não existe reencarnação e o espírito é um só para a eternidade, como explica REGINALDO PRANDI (2012, pp. 13-14):
No Ocidente de tradição judaico-cristão, assim como entre os muçulmanos, acredita-se que um, e apenas um, espírito habita cada corpo humano; a pessoa é formada pelo corpo material perecível e por sua alma imaterial imortal. Mas outras religiões, antigas e contemporâneas, ensinam que as almas de uma mesma pessoa podem ser múltiplas e ter destinos diferentes com a morte do corpo.
(…)
Para um católico, pelo menos segundo a doutrina oficial, não há renascimento, não há reencarnação, a não ser no fnal dos termpos, quando todos comparecerão em corpo e alma ao juízo final.
Padre Padavini ainda afirma que, talvez, a grande diferença entre a ICAC e o Espiritismo seja o fato de a doutrina espírita não possuir nenhum fundamento bíblico; ressaltando que esse entendimento não representa, de forma alguma, uma crítica ao Espiritismo, apenas o reflexo da regra de fé da Igreja Católica Apostólica Carismática, que é seguir e observar única e exclusivamente a Palavra de Deus, o que está escrito na Bíblia.
Mesmo diante de tal postura, o Padre Ricardo admite que a ICAC crê na imortalidade da alma, além de fazer a prece do exorcismo expulsando os demônios e realizar Missas de cura e de quebra de maldição; nos remetendo a uma das características do “Além brasileiro”, cuja presença é um “dado imediato da vida no Brasil (…), visualizado como uma dimensão que convive com a nossa, no tempo, mas se realiza num espaço diverso. É o outro mundo”, como explica ENIO JOSÉ DA COSTA BRITO (2005, p. 55).
Esclarece, então, que, para a ICAC, maldição é uma autorização dada ao demônio para agir na vida e na família de uma pessoa e divide-se em dois tipos: maldições hereditárias, que acompanham gerações de famílias sofrendo de males semelhantes, como avô, pai e o filho terem a mesma morte através do suicídio ou possuirem o vício da bebida; e as maldições adquiridas, geradas por escolhas erradas da própria pessoa, ao praticar atos que podem causar mal a si mesmos e a terceiros e não consegue mais se libertar desse comportamento. E ao buscar a Deus, ao entregar a sua vida nas mãos de Jesus, participando das missas e através da reza expulsando os demônios, essas maldições são “quebradas”, anuladas pelo poder de Deus e a pessoa é libertada.
Essa busca de Deus é realizada de forma coletiva, por meio da participação na Missa e da oração conjunta, mas também individualmente, dirigindo-se ao altar para receber a imposição das mãos do Padre sobre a sua cabeça, conforme explica o Padre Padavini, “a partir do momento que eu estou com a minha vida consagrada a Jesus, para fazer a obra dele, as mãos do Senhor Jesus estão sobre as minhas mãos. Então, quando eu ponho a mão na cabeça de uma pessoa, com toda a fé do meu coração, a mão do Senhor Jesus está sobre a minha mão e por isso que os doentes são curados, os sofredores libertados e a vida é abençoada. Não é a energia do padre. É o poder de Jesus, a mão dele sobre a minha mão,”
Quanto à morte, ela é tratada pela ICAC como uma passagem e não o fim, que alcança a todos sem distinção e que significa fechar os olhos aqui e abrir nos espaços do céu, desde que se creia em Jesus, considerado a única porta que conduz ao céu. Isso não significa a exclusão da tristeza e da dor da perda de uma pessoa querida, mas aquele que morreu “vai estar em festa com Jesus”, como a ICAC ensina às pessoas, e por isso terão o coração confortado.
Ocorre que, entre lidar com a morte de outras pessoas e com a própria existe uma grande lacuna de sentimentos complexos e medos ancestrais, uma vez que, “por mais que a filosofia tenha tentado fazer desaparecer a morte na noite do nada, não conseguiu romper com a angústia do ser humano diante da concretude da morte” (GUARNIERI, 2011, p. 99). Então, ao ser indagado sobre a efetividade desse ensinamento, Padre Padavini acredita que consegue essa efetividade, porque a mensagem transmitida aos fiéis não é uma doutrina humana formada por palavras bonitas, polidas e vazias de conteúdo, e sim a palavra de Jesus, a palavra de Deus, cuja força faz com que penetre “no coração da pessoa a certeza do que está sendo ensinado e a pessoa passa a crer. E toda pessoa que crê na Bíblia Sagrada, não se desespera na hora da morte.”
Para a ICAC, céu e inferno existem, mas não “lugares intermediários” após a morte, ao contrário do que crêem algumas religiões, como, por exemplo, o purgatório para Catolicismo Romano. E continua explicando que o caminho para o céu é somente Jesus, mas ter consciência disso não permite saber se uma pessoa foi para o inferno, pois até o último instante de sua vida existe a possibilidade de se voltar para Jesus e ser salva – utilizando como exemplo o caso do bom ladrão crucificado ao lado de Jesus, que, conforme conta a Bíblia, diante da morte iminente pediu “Senhor lembra te de mim quando entrares do Teu reino” e Jesus respondeu “hoje mesmo tu estarás comigo no paraíso” (Lc 23,41b). É a esperança de que a possibilidade de ir para o inferno não se realize, mesmo que no último momento, porque Deus não condena ninguém:
Nesse momento de total desvelamento de si pode ocorrer uma total conversão, isto é, o ser humano pode decidir-se para a abertura total de si ao absoluto e para a realidade da totalidade criada (Boff, 2002, p. 50). Depende do ser humano mergulhar no insondável mistério de Deus.
Para a teologia, “o juízo na morte não é um balanço matemático sobre a vida passada, onde aparecem diante de Deus o saldo e o débito, o passivo e o ativo” (Boff, 2002, p. 52), mas “uma derradeira e plena determinação do ser humano diante de Deus com a possibilidade de conversão. (BRITO, 2005, p. 65)
E diante de situações extremas, mesmo não tendo a “Unção dos Enfermos”, um sacramento da Igreja Católica Romana que auxilia o católico a enfrentar dificuldades com doença, velhice e morte iminente, Padre Padavini conta que sempre é chamado para rezar pelas pessoas que estão enfermas e ungi-las com óleo bento, clamando pela cura e saúde; mas se a pessoa já está com idade muito avançada, no final de sua caminhada, clama a Deus para que dê o alívio e que tire toda a dor e incômodo, rezando o Salmo 23 da Bíblia junto com a pessoa, para ensiná-la a entregar a vida nas mãos de Jesus, sabendo que, se Jesus quiser, Ele pode curar, e se quiser recolher a pessoa, Ele irá recolher. Por isso, independentemente do que irá acontecer, a oração é feita e todos são ungidos, para que todos sejam acolhidos e tenham auxílio espiritual.
Nesses momentos de oração, no hospital ou na igreja, Padre Padavini afirma ter presenciado a manifestação do poder e misericórdia de Deus de alguma forma especial ao ir ao hospital rezar por pessoas que estavam desenganadas pelos médicos e, após serem ungidas com óleo bento, terem a saúde restaurada. E outras, que se encontravam aparentemente bem, terem falecido.
Ele relata uma situação específica, quando celebrava uma missa na cidade de Limeira, interior de São Paulo, e uma pessoa pediu uma oração para a irmã que estava doente em Piracicaba, cidade localizada a meia hora de distância. Segue contando ter ido de carro e que “cheguei no hospital, fiz a oração por ela no Hospital dos Fornecedores de Cana, em Piracicaba, e voltei para Limeira. Quando cheguei em Limeira, eu enviei uma mensagem para essa família e falei ‘Olha, eu já fiz a oração por ela’. Mas qual não foi a minha surpresa que, antes de eu ter retornado a Limeira, ela já tinha falecido. Então ela estava esperando a oração. Deus usou de misericórdia para com ela e ela estava esperando só a oração”.
Quanto aos demais dons do Espírito Santo, como a visão, a profecia, o Padre Padavini afirma que, para a ICAC, a profecia é a Bíblia Sagrada, que, por sua vez, é a revelação de Deus, e o que Deus tinha para revelar já está nas Sagradas Escrituras. Sobre a tendência do ser humano a procurar por um milagre, por uma solução mágica e fácil para resolver seus problemas, Padre Padavini entende que “as pessoas têm que se voltar para Deus, de todo coração, clamando pelo socorro que precisam. E se a pessoa está doente, desempregada, viciada, perturbada, sofrendo, ela tem que vir correndo para a Igreja, clamar a Deus pelo milagre que precisa, uma vez que o próprio Jesus disse “vinde a mim os cansados e os oprimidos que Eu vos aliviarei”. Então as pessoas têm que vir correndo, sim, ao encontro de Jesus.” Mas também explica que a pessoa só será abençoada se permanecer no caminho de Jesus, com o compromisso de Sua palavra.
E em relação às resistências ou críticas a essa forma de viver da Igreja Carismática, Padre Padavini prefere evitar polêmicas e, sempre bem-humorado e socorrendo-se na Bíblia, afirma: “Minha luta não é contra a Igreja, não é contra os religiosos, a minha luta (é) contra o inimigo de Deus e nosso inimigo, a minha luta é contra o satanás e contra os demônios. E é com ele que eu vou lutar e derrotá-lo em nome do Senhor Jesus. Então nós pregamos o amor de Cristo. Não falamos mal de ninguém. Se a pessoa está na Igreja Assembleia de Deus e está feliz, fica lá firme com Deus, amém! Tá na Igreja Romana, tá feliz? Seja feliz, caminha com Jesus. Tá na Igreja Presbiteriana? Amém, glória a Deus! No céu a gente se encontra. Agora, quem está aqui comigo, tá feliz, tá firme, tá com Jesus, fica firme com Jesus por toda a vida. É isso que nós ensinamos. Agora, se alguém falar mal de mim, falar mal da Igreja, me criticar? Sabe o que eu faço? Senhor Jesus, toma conta! Eu entrego nas mãos dele. Por quê? Porque Ele me conhece. E na Bíblia está escrito “ai daqueles que tocarem nos meus ungidos”. Então, ai de mim se eu falar mal de uma pessoa de Deus, se eu fizer alguma coisa contra alguém de Deus. Ai de mim e ai de quem fizer o mesmo contra mim.”
Por fim, ao ser questionado se poderia dizer que sua vocação sacerdotal voltada para os carismáticos seria um dom divino que aguardava ser despertado, Padre Padavini afirma que “Deus não escolhe os capacitados, Ele capacita os escolhidos”. Desde criança sente um chamado em seu coração e acredita ter sido um dos chamados para a obra Dele, o que faz com amor e dedicação.
Mesmo diante da insistência que a facilidade de transmitir a sua mensagem, a influência e admiração que inspira, seriam o dom da palavra concedido pelo Espírito Santo, Padre Padavini prefere definir sua habilidade como resultado de sua dedicação e estudos, que tem por obrigação manejar bem a palavra e conclui, mais uma vez, citando a Bíblia: “preparate para te apresentares, como um obreiro aprovado que maneja bem a palavra da verdade”.
Referências
SILVA, Marcos Aurélio da, Catolicismos alternativos: das dissidências com a Igreja Católica Romana às novas fundações – o caso da Igreja Católica Apostólica Carismática (ICAC). 2019. 113f. Dissertação (Mestrado Ciências da Religião) – Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciência da Religião, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. Orientador Prof. Dr. Eduardo Rodrigues da Cruz. https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/22873
REGINALDO PRANDI, na obra Os Mortos e os Vivos: uma introdução ao espiritismo, Ed. Três Estrelas, SP, 2012.
BRITO, Enio José Da Costa, “Os mortos vivos, uma leitura teológica”, in Reflexões sobre a morte no Brasil. Ed. Paulus, 2005.
GUARNIERI, Maria Cristina Mariante, Angústia e Conhecimento: Uma reflexão a partir dos pensadores religiosos, São Paulo, Ed. Reflexão, 2011.
Imagem: Heritage Library