O LABÔ Cast é um programa de entrevistas com os coordenadores/pesquisadores do LABÔ sobre temas contemporâneos.
Uma parte de mim é só vertigem/outra parte linguagem. No poema, Ferreira Gullar ainda escreve que a tradução de uma parte na outra parte é questão de vida ou morte.
Narrativa, discurso, retórica, abracadabra. Desde Platão e os Sofistas até Foucault e Wittgenstein, passando por realistas, nominalistas e conceitualistas medievais, que a disjunção entre realidade e linguagem é reconhecido assunto filosófico. Para os populares, no entanto, no mais comum da vida, provável é que as palavras e as coisas estivessem tramadas ponto a ponto nas simpatias mais cotidianas.
Será que o foco político atual nas questões de linguagem revela o horror diante da disjunção entre as palavras e as coisas, exigindo que a linguagem reocupe o lugar mágico que ocupara antes dos homens desconfiarem da existência dos deuses? Questão de vida ou de morte, como disse o poeta, a que serve a necessidade de nomear e renomear: ao controle das coisas? do mundo? das identidades? A linguagem terá visto seus referentes se despendurarem da incerteza metafísica para alocarem-se nas certezas da política?
Nessa conversa, o LABÔ recebe Marcos Penas Júnior, economista, filósofo e mestre em ciências em engenharia de produção. Autor de “Do riso às lágrimas: poemas contra ressentimentos” (2021) e de “Visagens nossas de cada dia: uma história da Independência” (2022) e Pesquisador do Núcleo de Filosofia Política do LABÔ; e João Guilherme Neves, graduando em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco e pesquisador do GP Comportamento Político, aqui no LABÔ.
Episódio publicado no canal do LABÔ no YouTube em 9 de outubro de 2022
