Foto: Sarça Ardente, artista Maria Fonseca – Castro-PR
Resumo: Por vezes, a vida espiritual é entendida como uma anulação da corporeidade ou negação do corpo. Busca-se o imanente, prescindindo da matéria. Tal erro de consciência leva a verdadeiras aberrações na compreensão de uma vida espiritual madura e eficaz. O presente artigo abordará a temática da vida espiritual, tendo como chave de leitura a Encarnação do Verbo de Deus, que vindo ao mundo não anulou, mas assumiu a humanidade. Versará sobre a importância de não fazer uma oposição entre a espiritualidade e a corporeidade, bem como analisará a vida espiritual, uma das dimensões do ser humano.
Palavras-chave: 1. Espiritualidade; 2. Corporeidade; 3. Encarnação;
Introdução
Observa-se o crescente retorno do tema da espiritualidade na vida da sociedade hodierna. Não poucas vezes esse termo é utilizado para se referir ao trabalho, à profissão, e até para justificar ou embasar posturas, pensamentos e comportamentos, seja na família, na escola, na política ou na comunidade. Alguns, sem titubear, vão rechaçá-la, outros irão aderir a ela sem a menor racionalização. Outros, ainda, vão concebê-la como algo separado da vida, restrito ao ambiente eclesial, separado do corpo. A pergunta que aqui se estabelece é: o que é espiritualidade? Qual a sua relação com o corpo e com o mundo? Este artigo versará sobre a importância de se compreender a espiritualidade cristã dentro da dinâmica da vida. Analisar-se-á como a oposição entre material e imaterial pode ser prejudicial para uma correta vivência da espiritualidade. Por fim, abordar-se-á essa temática à luz da obra “No fogo da sarça ardente”, que tem como fundamento a vida espiritual a partir da perspectiva da vida transfigurada, que Deus tornou possível mediante a Encarnação do Verbo.
1) Espiritualidade: vida espiritual em oposição ao corpo?
A vida espiritual em oposição ao corpo tem sido debatida e por vezes até incentivada em diversos grupos, sobretudo no âmbito eclesial. Ao relacionar a espiritualidade apenas com a transcendência, o material, o corpóreo e o imanente passaram a ser vistos com certa desconfiança e, ao longo dos séculos, entendeu-se que é preciso combatê-los, para se chegar à perfeição requerida pelo Criador. Castilho destaca que essa oposição se desenvolve na história da própria palavra espiritualidade, que foi aos poucos sendo assim entendida:
Essa dificuldade tem sua explicação, em boa medida, na própria história da palavra ‘espiritualidade’. Com efeito, durante muitos séculos os autores que abordaram esse tema associaram a palavra ‘espiritualidade’ à negação da corporeidade, da matéria, ou também daquilo que denominaram ‘animalidade’. O termo ‘espiritualidade’ não é muito antigo […]. Em todos os casos citados, como se vê de uma parte ou de outra, a espiritualidade é aquilo que se opõe à corporeidade, inclusive à sexualidade ou àquilo que alguns autores denominam a brutalidade. Assim, a espiritualidade nasceu ligada ao desprezo do sensível e do corporal.
Esse desprezo pelo corpo levará a entendê-lo como algo que deve ser castigado e maltratado. Nota-se a volta do uso de correntes, cilícios, entre outros objetos que ganham espaço novamente na “piedade” dos fiéis. Castillo destaca que, para muitos, falar em espiritualidade cristã é falar apenas de cruz:
Trata-se da vida. Esta vida nossa, vida que temos neste mundo. Vida tão agradável e tão bela, tão fecunda e tão valiosa, que é divina, ao mesmo tempo que é humana. Pois esta é a espiritualidade dos cristãos: a vida levada a sério. Ou, mais exatamente, é uma forma de viver a vida. A forma que é coerente com o Evangelho, com todo o Evangelho, e não apenas com aqueles textos e aquelas passagens que nos convêm, que se enquadram com minhas ideias políticas ou com meus interesses econômicos. E aqui, exatamente aqui, é onde começamos a tomar consciência dos ‘perigos’ mais sutis enraizados na espiritualidade cristã. Porque, para o comum dos cristãos, falar de radicalidade evangélica é a mesma coisa que falar de renúncia e cruz.2
Partindo do excerto acima, percebe-se que ao tratar de espiritualidade cristã o imaginário imediatamente se reporta à dor e ao sofrimento, como se a alegria e o prazer não pudessem fazer parte da vida humana. A palavra espiritualidade é recebida como um peso, como algo que de alguma forma irá tolher a liberdade e a felicidade. O referido autor esclarece que há um perigo de apresentar um Deus que se alegra, ou sente prazer com o sofrimento da humanidade, como se Deus fosse sádico ou carrasco. Castilho continua:
Pois bem, renúncia e cruz costumam ser entendidas como o vencimento e a mortificação daquilo que nos agrada, dor com Cristo doloroso, sofrimento e morte, de sorte que, à cruz, entendida dessa forma, é comum atribuir um valor santificante e salvífico por si próprio. Daí decorre que viver o Evangelho é (conforme creem muitos cristãos) viver na renúncia mais absoluta, porque isso é o que, pelo visto, agrada a Deus. É aquilo que, no século XV, declarou Tomás de Kempis, o famoso autor da Imitação de Cristo […] Sem dúvida alguma, esse modo de falar encerra o perigo de dar a entender não só que Deus permite o sofrimento, mas além disso que, no fundo, o que acontece é que o sofrimento dos seres humanos agrada a Deus. É por isso que, com frequência, a linguagem ascética sobre o sofrimento roça os limites do absurdo e até do irracional e, inclusive, quase blasfemo. Porque apresenta um Deus que ‘precisa’ do sangue, da dor e da morte para aplacar-se em seu furor e em sua ira contra as ofensas recebidas por parte dos homens. Um Deus assim, por mais que queiramos justificá-lo e explicá-lo, em última instância é um Deus que resulta inaceitável e monstruoso para o comum dos mortais. E deve-se dizer o mesmo da espiritualidade que nasce logicamente de tal imagem de Deus.3
Ao enfatizar somente a cruz e o sofrimento, nega-se aquilo que Deus veio fazer entre nós, que foi curar os enfermos, dar visão aos cegos, libertar os cativos, inaugurar o seu Reino.4 A fixação na renúncia e no sofrimento levou muitos autores de espiritualidade a centralizarem seus escritos a partir da ótica sofrida da vida dos santos, suas renúncias, suas humilhações, na maioria das vezes apresentando-os como vítimas. Justamente por conceber essa maneira como o único caminho de satisfação, a beleza de servir, o desejo de oferecer a vida, a relação de intimidade e amizade com Deus passaram, não poucas vezes, despercebidas. Busca-se atingir um grau de perfeição/elevação que beira o devaneio, e despersonaliza o ser humano, além de frustrá-lo por perceber-se incapaz de atingir tal nível. Galvão assinala o perigo dessa frustração:
Às vezes, no caminho espiritual, nos impomos metas tão elevadas que nós mesmos, por nossa fraqueza inerente, não conseguimos cumpri-las. Frustração. Penduramos correntes nos tornozelos, amarramos rosários na cintura, aumentamos a cruz do pescoço e nos sentimos ‘os mais próximos de Deus’. Mas, no fundo, divagamos em meio ao vazio de não ser quem realmente somos. Nem semideuses nem super-homens. Simplesmente humanos! A verdadeira espiritualidade nunca nos deixará esquecer que somos criaturas de Deus, pecadoras e limitadas, porém, sempre abertas à graça e à conversão.5
Ao se impor, ou impor a outros, metas tão elevadas para a espiritualidade, corre-se o risco de se esquecer que a pessoa espiritual é um ser humano a caminho, não perfeito, não pronto, não acabado, imperfeito; todavia, aberto à graça, à conversão e à misericórdia. Esquecer-se de que se é humano faz florescer uma espiritualidade que nega ou rejeita o corpo, partindo do pressuposto de que este é mau e que conduz à perdição. Dumer apresenta a seguinte argumentação:
Dentro de uma espiritualidade cristã que se impôs, o corpo é visto ‘como empecilho ao pleno desenvolvimento da vida espiritual’, levando monges e monjas à mortificação da carne. Não apenas nos limites de conventos, mas também o povo foi inquirido, não só a voluntariamente exporem seus corpos ao suplício, como também a suportarem pacientemente o mal que o assolava (fome e pobreza, péssimas condições de trabalho, o trabalho escravo com seus castigos físicos, violência doméstica) em nome de uma purificação da alma, o que era necessário à salvação.6
É necessário, portanto, compreender a espiritualidade de um modo integrado, reconhecendo que o ser humano é um ser complexo, diverso e múltiplo, sendo que esse mesmo humano marcado pelas fragilidades e fraquezas, caduco e finito, é capaz de transcendência. O ser humano é um ser global, corpóreo, um ser sexual, relacional e espiritual, de modo que uma sutileza na forma de falar pode trazer consigo um novo conceito de corpo: “eu sou um corpo”7 é sem dúvida uma linguagem que se aplica melhor ao “eu tenho um corpo”, como se ele fosse algo diferente ou estranho à pessoa. Mas “eu sou um corpo” auxilia numa melhor compreensão acerca da integração do homem, com todas as suas dimensões.
O ser humano é por essência um ser de múltiplas facetas chamado à unidade. Sendo assim, todo o corpo está para o espiritual e o espiritual se dá no corpo, não podendo haver separação, ou dicotomias entre a vida espiritual e a vida secular. Não é possível separar espírito e o corpo como sendo opositores, pois a espiritualidade é a busca de integrar o ser humano por inteiro. Nessa perspectiva, Maçaneiro trata da importância do corpo para a vivência da espiritualidade:
No cristianismo, dizer ‘corporeidade’ já é uma afirmação de síntese, na qual ‘corpo’ e ‘alma’ (exterioridade e interioridade) se conectam na experiência humana de ser e estar no mundo. Jamais só ou isolável, o corpo solicita uma antropologia unitária. Pois sendo ‘corpo e alma, mas realmente uno, o ser humano, por sua própria condição corporal, sintetiza em si os elementos do mundo material, que nele assim atinge sua plenitude e apresenta livremente ao Criador uma voz de louvor’. Mais que invólucro da alma, o corpo especifica a condição humana como ‘condição corporal’, por sintetizar os binômios corpo-sujeito e corpo-mundo. Nossa corporeidade se revela como imbricação entre subjetividade e biologicidade, entre o humano e cósmico que nos constituem.8
Na linha de pensamento desenvolvida por Maçaneiro, o corpo não é apenas o invólucro da alma, mas sim uma dimensão do humano. Dessa maneira, qualquer dicotomia ou oposição entre corpo e alma deve ser rejeitada. Fazer a vontade de Deus é a verdadeira espiritualidade e a carta aos Hebreus explicita o que O agrada: “Tu não quiseste sacrifício e oferenda. Tu, porém, formastes-me um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não foram do teu agrado”.9 E continua: “Por isso eu digo: Eis –me aqui – no rolo do livro está escrito a meu respeito – eu vim, ó Deus, para fazer tua vontade”.10 A verdadeira espiritualidade consiste em fazer a vontade de Deus, e a pessoa que assim age o agrada, porque descobriu o autêntico caminho da espiritualidade. Compreender a espiritualidade como um culto que acontece com e na própria vida é a chave para inverter a compreensão equivocada pela qual passa a espiritualidade, com uma oposição entre o corporal e o espiritual.
2) A Encarnação como chave hermenêutica para uma autêntica espiritualidade
O prólogo de São João apregoa: o Lógos se fez carne (sarx) e habitou entre nós.1[1] Assim descreve o referido evangelista, seguido dos sinóticos, que atestam a Encarnação do Verbo de Deus. Dessa maneira, a vinda de Cristo ao mundo torna-se a chave para interpretar de modo seguro o que é a espiritualidade, que precisa tornar os homens e mulheres cada vez mais humanos para que ajudem outros a se humanizarem. Por isso, Dumer mostra a urgência e necessidade de superar dicotomias:
Superação de dicotomias é um tema urgente em nosso contexto, e uma responsabilidade teológica. Não se pode manter uma Antropologia Teológica que justifique a fragmentação do ser humano como máquina e consumo, seja pela negação do corpo ou pela negação do espírito. Nesse sentido falar em espiritualidade do corpo e corporeidade do espírito é falar da unidade do ser humano, de sua valorização integral: o corpo que participa do milagre divino, o espírito que participa do milagre da carne.12
O ser humano por inteiro é destinatário da salvação, e não somente parte dele, não apenas a sua alma foi salva e redimida, mas o ser humano por completo, de modo pleno e integral. Por essa razão o Concílio Vaticano II afirmou: “Na realidade, só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente o mistério do homem […] Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e de seu amor, revela o homem a si mesmo.”13
Tal como Adão e Eva, que percebem que estão nus14 no paraíso, porque não se tornaram deuses como afirmou a serpente, também o homem atual precisa reconhecer que não detém poder sobre tudo. Valle recorda a necessidade de reconhecer os próprios limites para a abertura ao transcendente, afirma:
A espiritualidade adulta supõe conhecimento e aceitação dos próprios limites e possibilidades. Não é um ato de resignação e sim uma atitude corajosa e humilde de alguém que sabe que sua vida é um projeto aberto ao ser mais, ao comungar mais, ao cuidar do que precisa ser cuidado. É uma experiência de despojamento que se coloca nas antípodas do poder, da autossuficiência e do imediatismo egocêntrico.15
Ao aproximar-se do Eterno, o ser humano aproxima-se cada vez mais de si mesmo. Por isso, Cristo Jesus revela ao homem o que é ser homem,16 ou seja, o que é ser plenamente humano. A busca de sentido coloca-o nesse movimento para procurar a Deus, procura esta que culminará quando deixar a existência terrena. Por essa razão, é possível afirmar que a espiritualidade é um componente da antropologia,17 pois é o ser humano com seu corpo, com suas faculdades, sua inteligência, seus sentidos, seus sentimentos, que busca a Deus, é o ser humano por inteiro que percorre esse caminho.
Foto: Nossa Senhora trono de Deus – Capela Pontifício Instituto Litúrgico Ateneu Santo Anselmo – Roma
O corpo é imprescindível nesse itinerário de relação com Deus. Por isso o Verbo se fez carne (sarx), se fez corpóreo, se fez sólido e com sua vinda transfigurou a humanidade, uma vez que ao ressuscitar dos mortos Cristo Jesus tornou o corpo humano semelhante ao d’Ele. Ao entrar no mundo formaste-me um corpo18, relata o autor da carta aos Hebreus. Jesus se fez corpo e habitou no meio da humanidade e essa pode ver a sua glória 19 São João assim descreverá na sua primeira carta: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida – porque a vida se manifestou-se”.20 Nesse horizonte, Vanucchi, tratando da liturgia e libertação, enfatiza:
Se o Filho de Deus assumiu corpo igual ao nosso para que dele recebêssemos a Graça Divina, não podemos pretender unir-nos ao Pai somente por pensamento, enclausurados na solidão pseudomística do próprio mundo interior. Se Jesus é o louvor do Pai, precisamente porque se encarnou para cumprir a vontade dele, como nos uniremos nós com Deus, fechados num espiritualismo desencarnado e irreal, sem nenhum gesto corporal, sem nenhuma oração comunitária, sem nenhuma comunhão de vozes?21
Sendo assim o corpo é fundamental para a oração, para a espiritualidade, para a liturgia, para a ação litúrgico-celebrativa, por isso não se pode prescindir dele, colocando-o à margem. Nas palavras de Damer: “podemos dizer, espiritualidade não é uma negação da corporeidade, mas sua afirmação significativa, transcendente”.22 Pois negando o corpo não é possível estabelecer uma relação e comunicação com divino.
Portanto, o caminho espiritual exige reconhecimento de um corpo frágil e caduco, requer a aceitação de sua finitude e suas incongruências, olhando para si não para exercer uma autopiedade, mas para lançar-se nas mãos do Eterno. Por essa razão, o caminho espiritual é, por sua vez, um caminho austero, vindica despir-se, como diante da sarça ardente: “tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa”.23
A espiritualidade se dá num território sagrado, haja vista que o corpo, em sua integralidade, é um solo sagrado, e diante desse solo se faz silêncio e reverência, tenta-se perceber a presença e a atuação de Deus nesse ser humano chamado a experimentar os valores divinos. No alto da cruz, Jesus é despojado de suas vestes,24 ali no Gólgota, Ele atinge o extremo do seu caminho espiritual, ali está a sua obediência sem reservas, ali está o âmago da sua espiritualidade, tendo se despojado totalmente de si para doar-se à humanidade.
O homem, por sua vez, também precisa despir-se – do seu orgulho, da sua vaidade, da sua prepotência, da sua arrogância –, a fim de que, despojado de tudo, livre de suas falsas seguranças, encontre o verdadeiro sentido da espiritualidade. Por isso o homem rico foi convidado por Jesus: “vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”.25 Somente quando Ele se tornar a única riqueza é que o discípulo e a discípula serão capazes de segui-lo livre e verdadeiramente.
Nessa perspectiva, crer sempre será um incômodo, pois a vida espiritual, ao mesmo tempo que leva ao profundo de si, numa interioridade de encontro consigo mesmo, também propicia um impulso para ir ao encontro do outro. Esse processo faz parte da espiritualidade, é condição sine qua non para sua existência. A espiritualidade verdadeira se contradiz se não desinstala aquele que dela se nutre, assim, Galvão argumenta: “viver espiritualmente, portanto, não é sinônimo de viver confortavelmente. A vida espiritual também é feita de muitas incertezas e inquietudes. Além do mais, Deus é especialista em desassossego. Ele nos desinstala de nossa comodidade interior para nos devolver, mais plenos e inteiros, ao mundo e a nós mesmos”.26
Foto: Lava-pés, artista Cláudio Pastro – Mosteiro Cisterciense – Roma
Para os que buscam uma vida cômoda e estável, o caminho espiritual se apresenta como uma realidade inatingível, uma vez que a espiritualidade, de uma maneira ou de outra, visa um desinstalar-se provocado pela presença do Transcendente em nós. Ele é a luz que afugenta as trevas, sem destruir a matéria.
3) A vida transfigurada: a verdadeira espiritualidade
A essa altura do texto, o leitor pode estar se perguntando: se a espiritualidade não se distancia nem nega a corporeidade, pelo contrário, é a sua máxima expressão a partir da Encarnação, o que então se pode esperar da espiritualidade? Ou, o que é viver a partir da espiritualidade? Se o homem permanece marcado pelas fragilidades e incoerências da vida, qual a necessidade da espiritualidade, ou ainda como se chegar à transcendência?
Analisaremos essa temática tendo como referência a obra de iniciação à vida espiritual: “No fogo da sarça ardente”. De acordo com o autor referenciado: “A vida espiritual é a arte de levar em conta o Espírito Santo. O ato fundamental da vida espiritual é o reconhecimento do Espírito Santo, um reconhecimento tão radical que cria um habitus interior: o de dar precedência ao Espírito, isto é, o de viver em uma abertura constante ao Outro. Trata-se de ser plenamente consciente de que é nele que habita a força, a vida, a sabedoria”.27
Desse modo o cristão reconhece que a força não está nele, ou em suas práticas; tampouco está no sofrimento pelo sofrimento. A sua força vem do Espírito que o faz entrar em comunhão com Deus. Somente à medida que se compreende a existência, dentro da dinâmica de comunhão com Deus, é que a pessoa começa a avançar na vida espiritual. Nesse horizonte, a consciência da filiação divina é determinante para esse amadurecimento, pois “o que conta e cura verdadeiramente é descobrir a própria vida colhida e escondida com Cristo em Deus”28.
Assim, a meta do cristão é unir-se a Cristo, caminho que conduz ao Pai. Segundo a obra: “O cume da vida espiritual é Cristo. Cristo é a última palavra sobre o homem e sobre Deus, a comunicação total e definitiva de Deus e, portanto, o espiritual por excelência”29. Partindo dessa compreensão, poder-se-ia pensar de que modo se pode unir a Cristo, uma vez que a humanidade está marcada pelo pecado e cheia de fragilidades. E é precisamente aqui que se estabelece essa comunicação da vida divina, pois Cristo vem para transfigurar a humanidade corrompida pelo pecado.
Assim: “o homem espiritual é o homem de uma comunicação e de um amor cada vez maiores. Os valores humanos são transfigurados, não anulados; as realidades do mundo, assumidas em Cristo, são espiritualizadas”.30 Assim, não há nenhum ethos humano que não seja abarcado por Cristo. Não há miséria ou realidade, que por Ele não tenha sido assumida e redimida. O homem pode ter esperança, porque a Encarnação apresenta o novo da vinda de Cristo, do seu mistério pascal.
Segundo um autor russo: “Vladímir Soloviov, ao falar da beleza, usa o famoso exemplo do carvão e do diamante: trata-se da mesma realidade química, mas de uma estrutura física diferente. Um, cheio de contradições internas, não permite que passe a luz – ao contrário, a engole, a devora, a mata. E permanece escuro. O outro, o diamante, deixa que a luz brilhe e que a própria substância do carvão se torne uma beleza indescritível”.31
A verdadeira espiritualidade passa pela acolhida da presença de Deus, que transforma, mais do que isso, transfigura. O homem não pode ser iluminado por Cristo e permanecer o mesmo, outrossim, sua iluminação provoca uma mudança radical na vivência concreta do dia a dia, e na própria relação com Deus.
Foto: Cristo Pantocrator, artista Cláudio Pastro – Catedral Itapeva-SP
O autor continua: “A matéria, o corpo e qualquer outra realidade, uma vez permeada pelo Amor, aparece transfigurada, isto é, revela a sua verdade interior. O pão se torna o verdadeiro pão, a bebida se torna verdadeira bebida e o homem, verdadeiro homem. O pão recebe a própria vida interior na eucaristia, quando se torna comunicação de Amor, quando é completamente hipostatizado em Cristo”.32
Por essa razão a verdadeira espiritualidade é pascal, pois é preciso que o eu individual desapareça, a fim de que a pessoa se abra à dimensão relacional com Deus. Ao mesmo tempo, ela será capaz de deixar que todas as situações da sua história sejam tocadas por Deus e transfiguradas: “só um homem espiritual é capaz de ler espiritualmente os acontecimentos e a história, ou seja, um homem dócil ao Espírito Santo, que, à sua luz e guiado por Ele, esteja em condições de colher nas coisas e nos acontecimentos o nexo com Jesus Cristo e com a história da salvação”.33
Assim, ao olhar para o passado, a pessoa se lembrará de quanto Deus foi generoso e misericordioso para com ela: “fazer memória não significa simplesmente evocar aquilo que aconteceu no passado, decompondo a vida em fragmentos autônomos e momentâneos, mas participar integralmente, com toda a profundidade espiritual, no mistério presente na memória eterna de Deus”.34
O homem espiritual se recordará sempre a que foi chamado, e terá uma memória perene daquilo que Deus fez ao longo da história da salvação. Lembrar-se-á que a meta da sua vida é a sua união com o divino que vem ao seu encontro: “a vida espiritual consiste em ver com o Espírito Santo em uma luz nova a nossa vida cotidiana, este mundo e esta história”35. Esse olhar transfigurado e plasmado pelo amor de Deus fará com que o cristão passe a atuar no mundo de maneira diferente, a resolver os problemas e a se comportar à maneira daqueles que já receberam a vida nova que brota do encontro com o ressuscitado. Ele passa a discernir as situações, encontrando a melhor resposta para aquele momento: “podemos, assim, chamar ‘espiritualidade’ ao modo como nos deixamos transfigurar, como permitimos que o dom acolhido nos transforme”.36
Nesse aspecto, a acolhida dessa luz que afugenta as trevas é fundamental para o caminho espiritual, haja vista que não é possível trilhá-lo prescindindo de Deus e da sua presença: “Tudo isso faz ver que, enquanto o homem não acolher uma fonte de vida diferente, não sujeita à natureza, mas que se manifeste e se realize nela, transfigurando-a, não conseguirá ultrapassar o seu trágico destino”.37 Redescobrir um novo caminho de vivência espiritual como participação na vida divina requer uma mudança de mentalidade, uma transformação interior, um trabalho sério e exigente. Dito de outra maneira, espiritualidade significa mudança do coração. Teixeira enfatiza:
O aprofundamento da espiritualidade requer a conversão cordis, ou seja, a conversão da pessoa ao que há de mais íntimo nela. Trata-se de um trabalho interior de preparação e disponibilização para a acolhida do Mistério gratuito que habita o fundo da alma. Mas são inúmeras as camadas que ocultam do buscador a percepção e a possibilidade de adesão ao Mistério maior que está no centro. […] A conversão do coração é essencial para a experiência espiritual, ponto de arranque para sua realização. O que interdita para muitos o acesso à profundidade dessa experiência é o modo de vida, é o endurecimento do coração que acompanha uma dinâmica existencial pontuada pela vontade de poder, pelo ensimesmamento, pela carência de solidariedade e surdez ao apelo dos outros. Como órgão sutil e vital, o coração também caleja, recobrindo-se, muitas vezes, de uma camada espessa que impede o exercício da sensibilidade e compaixão. A conversão do coração é justamente o processo de reorientação da vida e descentramento do sujeito, de sua unificação e purificação para experimentar a união com Deus ou o Mistério sem nome.38
Converter o coração significa encontrar um sentido para viver que é proporcionado pela espiritualidade, tendo diante dos olhos que o sentido é sempre maior do que o ser humano, sempre o ultrapassa e o envolve. O ser humano vai ao encontro de Deus porque Ele primeiro o chamou e quer estabelecer uma relação. O homem por sua vez se deixa encontrar por Ele, que está sempre presente e se revela: “manifestei-me aos que não perguntavam por mim”.39 Esse encontro não é um ato racional, mas um ato de sentido. O discípulo sente o coração arder como em Emaús,40 percebe a sarça arder41 sem se consumir como com Moisés, reconhece o mistério que ultrapassa aquele a quem se apresenta. Quando se apreende aquela realidade, ela passa a fazer sentido, isto é, se torna importante para ele e quando faz sentido modifica toda a vida.42
Nota-se que a espiritualidade não é apenas um caminho de respostas prontas, ela é também um caminho de perguntas, e por isso é complexa. Perguntas que vão aparecendo ao longo do itinerário espiritual e que dão sentido à existência. Os homens são dotados de capacidade para dar novo sentido aos acontecimentos, sejam bons ou ruins. São capazes também de dar sentido às experiências que tiveram ao longo de sua história: “a tarefa que nos cabe é a de nos purificarmos, de nos dispormos, de acolhermos e, depois, elaborarmos, em diálogo com Aquele que Se revela e nos revela a nós próprios”.43
No cotidiano da existência, é possível fazer uma experiência de descoberta profunda de sentido. Naturalmente a busca de sentido provoca uma mudança moral naquele que faz a experiência com o Deus revelado. Teixeira enfatiza que não pode ocorrer apenas uma mudança no coração, é necessário que haja também uma mudança de conduta, assim expressa:
A vida espiritual não é um acontecimento que ocorre unicamente no interior da pessoa, deslocada de qualquer referencial prático e existencial. Ao contrário, a dinâmica de conversão do coração, que possibilita tal experiência provoca, necessariamente, uma conversio morum, uma mudança de conduta na vida que envolve toda a pessoa. A autêntica experiência mística jamais é fuga do mundo ou desprezo das realidades criadas, mas é fonte de fecundidade moral. O que ela provoca é uma abertura única para a diversidade presente no real, e a consciência de sua integração no mistério da unidade de Deus. Não há rechaço do mundo, mas o reencontro de tudo no mistério da gratuidade de Deus. Trata-se de uma experiência que provoca no sujeito uma “compaixão integrante e reconciliante com o universo.”44
A mudança na conduta moral é reflexo de uma espiritualidade bem encarnada, pois propicia olhar e iluminar as situações angustiantes e desesperadoras da condição humana. A oração precisa despertar o profetismo que se levanta para defender direitos, para denunciar injustiças, para despertar a consciência crítica da realidade, não assistindo a tudo passivamente.
Quanto mais profunda for a espiritualidade, mais enraizada à realidade a pessoa estará, haja vista que o ser humano por inteiro dá glória a Deus no contexto de sua existência histórica. É no concreto do dia a dia, das ações mais triviais e rotineiras, que se vive a espiritualidade. É com a sua vida que o ser humano deve glorificar a Deus, tendo gestos concretos e pontuais, que identificam que realmente essa pessoa encontrou-se com algo que a transformou e a transforma. Castillo reafirma a necessidade de integrar a espiritualidade com a vida:
A espiritualidade interessa e afeta tudo aquilo que o homem e a mulher são em sua existência concreta. Portanto, nada de temores ou suspeitas pensando que, ao levar a sério a espiritualidade, teremos de renunciar a uma porção essencial de nós mesmos. Antes, trata-se de algo totalmente oposto: vivendo intensamente a espiritualidade, vamos realizar-nos em plenitude e seremos mais plenamente nós mesmos. Ou, dito de outro modo, a espiritualidade, bem entendida e mais bem praticada, nos leva diretamente ao êxito de nossa humanidade e, por isso mesmo, a preencher e cumprir nossas aspirações mais profundas.45
Negligenciar esse aspecto da espiritualidade, que impulsiona a traduzir em gestos concretos aquilo de dela hauri, é descuidar que Deus criou o ser humano para ser um sujeito histórico e construir a história. Nesse horizonte, a espiritualidade cristã precisa ser integral: “Não é possível que nós assumamos qualquer abordagem unilateral, ou exclusivamente humana, ou exclusivamente divina, mas apenas divino-humana em ligação”.46 Deus criou o ser humano e com a Encarnação de seu Filho deu ao homem a oportunidade de se tornar divino-humano. Assim não se há de escolher ser apenas humano, ou tão somente divino – o homem é chamado a viver a divina-humanidade.
Deus destinou o homem a ser um com Ele, a fim de fazê-lo participar da sua glória. Cristo, ao se Encarnar, abriu o acesso de Deus ao homem, rasgando com sua morte o véu do Templo47. Por isso: “A vida em Cristo é simbólica, pois Cristo é esta unidade do divino e humano que revela o Pai: Ele é, ao mesmo tempo, Jesus e Filho de Deus”.48 O cristão por sua vez, é chamado a viver a divina-humanidade no hoje da história.
Foto: Cristo Pantocrator, artista Maria Fonseca, Castro-PR
4) Considerações finais
Em tempos de alta conectividade e interação virtual surge uma avalanche de propagandas acerca da espiritualidade. Não poucas pessoas se levantam para exaltar o seu modo de viver a espiritualidade como o único, ou o mais assertivo. Muitas contrariam o princípio da Encarnação, e induzem as pessoas ao erro. Valle constata que: “há ‘espiritualidades’ que são como joias falsas: refulgem, mas não têm valor senão o das aparências. Não levam ao amadurecimento; podem, ao contrário, conduzir à ruína”.49 É por isso que a verdadeira espiritualidade, partindo do mistério da Encarnação, nunca fará oposição entre corpo e espírito, material e imaterial. Ela conduzirá a integração da pessoa como um todo.
Percebendo o corpo como ethos para viver a espiritualidade, a pessoa compreenderá que o divino vem ao seu encontro, e convida a entrar nessa dinâmica de uma vida de comunhão. Por isso o que se busca com a espiritualidade é a transfiguração da vida, que descobriu que deve viver a divina-humanidade junto do Verbo de Deus.
Deus que vem ao encontro da humanidade afugentando as trevas, sem destruir a matéria. O Espírito cobriu a Virgem Mãe com a sua sombra, todavia não a destruiu. Pelo contrário, conservou e consagrou a sua integridade. O fogo desceu sobre a sarça que ardia diante de Moisés, contudo não a consumiu. Assim também acontece com o homem que busca a Deus e que tem um desejo sincero de encontrá-lo. Ao entrar nessa dinâmica de comunhão, a luz de Deus afugenta as trevas da pessoa, e, ao transfigurá-la, lhe confere a oportunidade de se unir a Ele.
A Presença de Deus não constrange, não obriga, não aniquila o seu interlocutor. Antes, a sua Presença convida a uma vida de comunhão. Ao homem resta apenas acolher essa Presença performática, deixar-se envolver pelo Mistério e participar da vida divina que a Trindade oferece. Urge, portanto, redescobrir a espiritualidade como esse caminho de acolhida do Mistério, que nos transfigura e nos insere na dinâmica relacional com Deus.
Notas
[1] CASTILLO, José M. Espiritualidade para insatisfeitos. São Paulo: Paulus, 2012, p. 12. [2] Idem, p 20. [3] Ibidem, p. 20. [4] Cf. Lc 4,17-19. [5] GALVÃO, Francisco. O cultivo espiritual em tempos de conectividade. São Paulo, SP: 2018, p. 56. [6] DUMER, Pablo Fernando. “O verbo se fez carne”: entre espiritualidade e corporeidade. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016, p. 55. Disponível em: anais.est.edu.br/index.php/genero/article/view/622. Acesso em: 10 ago. 2018. [7] Cf. EG, n. 273. [8] MAÇANEIRO, Marcial. O labirinto sagrado: ensaios sobre religião, psique e cultura. São Paulo, SP: 2011, p. 206. [9] Hb 10,5. [10] Hb 10,6-7. [11] Cf. Jo 1,14a. [12] DUMER, Pablo Fernando. “O Verbo se fez carne”: entre espiritualidade e corporeidade. p. 60. [13] GS 22. [14] Cf. Gn 3,7.10-13. [15] VALLE, João Edênio dos Reis. Religião e espiritualidade: um olhar psicológico. In. AMATUZZI, Mauro Martins. Psicologia e espiritualidade. 2. ed. São Paulo, SP: Paulus, 2008, p. 105. [16] Cf. GS, n. 22. [17] Cf. RAMPAZZO, Lino. Antropologia: religiões e valores cristãos. São Paulo: Paulus, 2014, pp. 52-78. [18] Cf. Hb 10,5. [19] Cf. Jo 1,14. [20] 1 Jo 1,1-2 a. [21] VANUCCHI, Aldo. Liturgia e libertação. 2. ed. São Paulo, SP: Loyola, 2005, p. 39. [22] DUMER, Pablo Fernando. “O Verbo se fez carne”: entre espiritualidade e corporeidade. p. 58. [23] Ex 3,5. [24] Mt 27,35; Mc 15,24; Lc 23,34; Jo 19,23. [25] Mc 10,21. [26] GALVÃO, Francisco. O cultivo espiritual em tempos de conectividade. São Paulo, SP: 2018, p. 26. [27] RUPNIK, Marko Ivan. No fogo da sarça ardente: iniciação à vida espiritual. Curitiba: Carpintaria, 2022, p. 81. [28] Idem, p. 120. [29] Ibdem, p. 94. [30] Ibdem, p. 71. [31] Ibdem, p. 100. [32] Ibdem, p. 101. [33] RUPNIK, Marko Ivan. A arte da vida: o quotidiano da beleza. Coimbra: Editorial A. O., 2015, p. 81. [34] Idem, p. 26. [35] RUPNIK, Marko Ivan. No fogo da sarça ardente: iniciação à vida espiritual. Curitiba: Carpintaria, 2022, p. 155. [36] RUPNIK, Marko Ivan. Segundo o Espírito: a teologia espiritual no caminho com a Igreja do Papa Francisco. Brasília: Edições CNBB, 2018, p. 38. [37] RUPNIK, Marko Ivan. Segundo o Espírito: a teologia espiritual no caminho com a Igreja do Papa Francisco. Brasília: Edições CNBB, 2018, p. 79. [38] TEIXEIRA, Faustino. O potencial libertador da espiritualidade e da experiência religiosa. In. AMATUZZI, Mauro Martins.Psicologia e espiritualidade. 2. ed. São Paulo, SP: Paulus, 2008, p. 25. [39] Is 65,1. [40] Lc 24,32. [41] Ex 3,2. [42] Cf. ZUBIRI, Xavier. Inteligência e realidade. São Paulo, SP: É realizações, 2011, pp. 205-208. [43] RUPNIK, Marko Ivan. A arte da vida: o quotidiano da beleza. Braga: Editorial A. O., 2015, p. 75. [44] TEIXEIRA, Faustino. O potencial libertador da espiritualidade e da experiência religiosa. In. AMATUZZI, Mauro Martins.Psicologia e espiritualidade. 2. ed. São Paulo, SP: Paulus, 2008, p. 26. [45] CASTILLO, José M. Espiritualidade para insatisfeitos. São Paulo: Paulus, 2012, p. 17. [46] RUPNIK, A arte da vida: o quotidiano da beleza. Braga: Editorial A. O., 2015, p. 36. [47] Cf. Mt 27,51. [48] RUPNIK, A arte da vida: o quotidiano da beleza. Braga: Editorial A. O., 2015, p. 45. [49] VALLE, João Edênio dos Reis. Religião e espiritualidade: um olhar psicológico. In. AMATUZZI, Mauro Martins. Psicologia e espiritualidade. 2. ed. São Paulo, SP: Paulus, 2008, p. 103.Referências
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