A Crise do Amadurecimento na Contemporaneidade

Adão, onde você está?

Há uma pequena história sobre maio de 68 que relata uma conversa do então presidente Charles de Gaulle com um de seus assessores. A conversa versava sobre como lidar com a manifestação estudantil que, em seu furor curandis do mundo, pleiteava mudanças revolucionárias. O assessor, muito preocupado, solicitava a ele orientações em como conduzir a situação. De Gaulle respondeu que ele não precisava se preocupar tanto, pois com o tempo os jovens logo mais seriam adultos e tudo isto iria passar. O assessor, no entanto, insistia que era preciso atender às demandas destes jovens. Trazendo para os dias de hoje, parece bizarro assistir a adultos que, supostamente, deviam saber a respeito da complexidade das coisas, ovacionar gestos enfurecidos e soluções estapafúrdias tais como fechar imediatamente fábricas poluentes ou acabar com Israel e os judeu voltarem para a Polônia de onde saíram na Segunda Guerra Mundial. A presença de Greta Thunberg e os ecos de suas falas no cenário mundial, por si só, confirmam que a posição do assessor foi vencedora. Desde então a cultura jovem e pelo jovem impera surfando nas ondas da mentalidade progressista que acua o adulto sob o estigma de ser conservador e ultrapassado. Pode ser ofertado o benefício de entender a adesão juvenil a este furor curandis do mundo como reflexo da ignorância e vontade de pertencer e participar em algum grupo. Em suma, inferir a condição ainda adolescente de uma imaturidade compatível com a cronologia da idade e sobre quem ainda transita no mundo em seu jeito fácil sem quaisquer responsabilidades.  Por outro lado, não pode se estender este benefício aos adultos, pois espera-se destes a responsabilidade da maturidade e o conhecimento da vida, bem como das complexidades sociais, econômicas, políticas e culturais. É com desconfiança sobre a sanidade maturacional ou dos interesses pessoais e políticos velados destes adultos que avaliamos esta posição destes em aquiescer ou mesmo fazer apologia aos jovens.  Aqui discute-se ambas visões, do assessor e de Charles de Gaulle. Ambas questionáveis tendo em vista os significados do que é crescer e o papel da sociedade como ambiente facilitador para que isto efetivamente possa acontecer. Afinal se a cultura jovem e pelo jovem venceu, como entender as dificuldades em crescer da geração Z?

Um primeiro ponto seria refletir sobre a fala de Charles de Gaulle. Crescimento é uma questão de tempo? Isto parece óbvio do ponto de vista do crescer físico quando os sistemas dinamizadores da fisiologia fazem seu trabalho sob condições normais de “temperatura e pressão” recebidas através de alimentação e alojamento salubres.  Isto, no entanto, não é óbvio em outras dimensões do crescimento. Tendo em vista o potencial inerente à natureza humana, Winnicott afirma o crescimento associado ao desenvolvimento em termos maturacionais em mais outras 3 linhas: cognitivo, pessoal e social. Enquanto o crescimento físico é dado como certo, o intercurso e conquistas nas demais linhas de crescimento dependem muito da qualidade de cuidados e acompanhamento ofertados pelo ambiente.  Desde os primórdios cada indivíduo- bebê, criança, adolescente, adulto, marcha rumo à integração de realizar-se como pessoa existente na sociedade, apoiado em experiências contínuas ao longo da vida consigo mesmo e com o ambiente. Integra estas experiências gradualmente do simples ao mais complexo de si, assim como integra as experiências de inter-relacão no menor ambiente, do útero e berço com a mãe, o pai, a família, a escola até chegar ao maior ambiente: a sociedade. Se concedemos ao presidente francês a compreensão temporal implícita neste processo maturacional, fica claro sua insuficiência diante das necessidades do ser humano em sempre contar com a contrapartida ambiental para obter recursos pessoais para seguir adiante. O caminho de continuidade é pavimentado pelos cuidados suficientemente bons recebidos, de modo que os recursos em etapas do desenvolvimento anteriores impulsionam para frente o indivíduo. Crescer não só pode ser entendido como algo da ordem do desejo consciente, mas como algo da ordem da possibilidade. E esta possibilidade é inconsciente justamente porque integrada não se deixa perceber. Ninguém se lembra de como começou a andar e nem como isto representou um desafio quando se era pequeno. O caminhar está integrado, e só nos damos conta do quanto este caminhar é automático, quando numa situação adversa não podemos caminhar mais. Isto é válido para conquistas subjetivas emocionais, como por exemplo ter a possibilidade de falar não a alguém ou não ter que passar a vida barganhando reconhecimento sempre agradando o outro, a mãe, o pai, o professor, o chefe, a moda, as ideias progressistas, e assim por diante.

Charles de Gaulle, homem de seu tempo e geração, também atribuiu ao crescimento um disparo automático no qual a vida também teria um papel importante. A vida traz desafios até mesmo pela sua natureza contingencial. Daí que diante destes desafios os jovens iriam crescer tendo necessariamente que enfrentá-los. Os riscos à segurança que o desconhecido oferece poderiam ser naturalmente suplantados, tão somente porque se chegou à idade adulta. Se ele tomava isto como certo, talvez como toda sua geração que enfrentou guerras, fome e pobreza ainda com menor suporte tecnológico que hoje está à disposição, é porque nem pôde imaginar a equação atual: maior prosperidade, maior tecnologia científica, maior acesso em comunicação e informações e globalização dos recursos materiais e humanos, tudo isto é inversamente proporcional ao decrescente sentimento de segurança em sociedade. A partir daí é possível assistir, não sem muita estupefação, demandas ainda infantis de dependência disseminadas como se normais fossem. Recordo-me de uma reportagem por ocasião do Dia das mães em que assistimos, guiados pela jornalista, uma mãe lá pelos seus 70 anos de idade batendo a vitamina e fazendo o misto quente de seu filhinho às 6h30 da manhã. Ela afirma à jornalista o quanto o filho gosta, então ela faz. Adiante a câmera volta-se ao filho. Nada mais nada menos do que um homem de 43 anos. A jornalista pergunta: o senhor nunca teve vontade de sair de casa? Ele responde: sim, por volta dos 33 anos eu tive esta vontade, mas logo passou e eu fiquei aqui onde tenho conforto e minha mãe que cuida de mim. Mãe e filho continuam como aquele par inseparável, atualmente tão comum, de mútua dependência em moldes primitivos. Ela ainda mãe de uma criança e ele filho de uma mãe toda poderosa em sua provisão a ele. Ele ainda precisa dela. Ela ainda precisa dele.

Isto não é diferente daquilo que Jean Twenge observa em suas planilhas estatísticas e tenta entender a respeito da geração Z.  Mas a exposição das dificuldades geracionais desde os millenials, pais da geração Z, estão expostas a céu aberto. Posto à parte a retórica e manifestações aparentemente tolerantes nas questões de sexo, de gênero, de raça e do meio-ambiente, em sua maioria realizadas virtualmente e em debates acalorados, agressivos e muitas vezes descambando ao autoritário, a geração continua protegida fazendo tudo isto sem sair do sofá. Do sofá da casa dos pais, evidentemente! Ainda permanecem colados neste cercadinho protetivo e limitado com muito pouca força para dirigir, fazer contato real nas relações sexuais, sustentar relações afetivas duradouras, sustentar trabalho e frequentar a faculdade usando o pleno potencial cognitivo que possuem. Enfim, não crescem e os pais continuam exercendo seu papel de cuidadores de crianças. Twenge credita esta situação à tecnologia iniciada pelos smartphone e, doravante, às demais por aí. Fato é que está se assistindo de camarote a dissociação entre idade cronológica e conquistas que sustentem o ir adiante dos jovens. Para Winnicott esta disparidade é chamada de imaturidade.        

Neste ponto e em outras palavras, faz-se coro ao pensamento do filósofo John Gray. Este filósofo denuncia o quanto as certezas implícitas nas melhorias materiais e do conhecimento resultantes da máquina idealizada do progresso são insuficientes para sustentar o crescimento ético individual. Por tabela, também insuficiente a necessidade ética da sociedade, esta entendida como um todo somado destes indivíduos. Entenda-se aqui por posição ética o alcance pessoal da autoconsciência e, por isto mesmo e ao mesmo tempo, chegar à realidade do outro e das coisas pertencentes ao mundo. Isto significa alcançar a autonomia e ser capaz de sustentá-la, tomar decisões, singrar maiores mares e assumir os riscos inerentes de viver. Ainda assim, nesta posição, exercitar o trânsito em sociedade de modo a que sua contribuição colabore na sustentação da sociedade.  O percurso em termos de desenvolvimento é o de se tornar independente, ainda que de modo relativo, que é o máximo que um ser humano adulto pode alcançar. Sempre precisaremos de alguém e, muitas vezes, até muito, quando adoecemos e nos tornamos frágeis, mas há que se pesar a diferença dos contextos e modos.   

Mas será que o mundo dos adultos, a exemplo do assessor francês, está facilitando este crescimento ao atender demandas das do tipo de maio de 68? Demandas revolucionárias que criticavam e culpavam os valores tradicionais pelo modo como ia o mundo? Muito melhor, diziam, era todos estes valores caírem por terra e “Viva o mundo novo”! Tudo será melhor, o homem será melhor, o sexo será liberado, as hierarquias serão pervertidas. O adulto não será mais o capitão deste navio social. Motivo: fazem concessões e acordos coniventes com soluções meia-boca em detrimento de soluções verdadeiras e transformadoras que, estas sim, acabariam com os problemas. As denúncias não estão erradas, o problema como sempre, está nos modos interventivos em que os fins justificam os meios. Afinal desde quando revoluções foram as melhores coisas no mundo? Historicamente sabemos o quanto em banhos de sangue resultaram. Da mesma forma, com o passar do tempo, os resultados demonstram-se espúrios. Ainda assim, o que efetivamente estes jovens precisavam que teriam que ser os adultos a fornecê-los e sancioná-los?

Em primeiro lugar, os adultos devem por responsabilidade de cuidado fazer oposição. Um mundo consistente em seus valores precisa ser mantido por aqueles que o pilotam. Sabe-se que os jovens por sua imaturidade não podem se responsabilizar pelas suas próprias ideias. Mesmo que berrem verdades aos quatro ventos ainda não tem o comprometimento com a tessitura desta verdade nos panos da realidade. Tocar aquilo que propõe seria inclusive um peso acima de suas possibilidades, deixando à vista sua própria impotência. A realidade é muito mais complexa como qualquer pai de família sabe. O compromisso de sustentação da família tolhe algumas liberdades que só são possíveis a quem ninguém sustenta. Diante das necessidades básicas dos filhos ainda dependentes, nada é mais importante. Poder dialogar coerentemente, mas sustentando sua posição é algo que o adulto oferece em termos de consistência. E o que um jovem necessita é bater-se com os parâmetros desta consistência. Isto resulta em uma oposição com benefícios mútuos em termos de força. O adulto fortifica-se ao sustentar a sobrevivência diante destes ataques, tocando a vida conforme seus princípios de organização e valores. Assim, transmite para os jovens a dignidade, a força, a liberdade de se ser adulto e ter autonomia decisória e assumir as consequências disto. Por seu lado, o jovem com este reforço do enfrentamento pode chegar a tomar suas próprias medidas no sentido de ir em busca do que quer, sem que esta precise lhe ser concedida. Concessões quando não sintônicas a necessidades apenas enfraquecem a disposição em fazer diferente e ir à luta para mostrar que pode vencer os desafios da vida. Como a vitamina e o misto quente da senhorinha mãe do filho de 43 anos. A desresponsabilização do adulto em exercer esta tarefa, na verdade, oriunda muitas vezes do medo do ódio e de ser chamado de conservador, apenas atende à sua própria fraqueza ou falta de tempo. Buscar concessões ao filho junto a coordenação de uma faculdade é uma maneira de perpetuar uma política café com leite. Mais cedo ou mais tarde, os ganhos imediatos serão suplantados pela dor velada do filho em saber-se café com leite e pelo sofrimento velado dos pais de ter um filho inapto. No melhor dos cenários isto emergirá a tempo.

Ainda persiste, diferente de maio de 68, uma outra disposição juvenil. A de não denunciar o que incomoda. Pois nada incomoda na vida que está levando. Aliás, o pedido é não ser tirado da zona de conforto. Hoje em dia, uma das falas mais comuns que escutamos dos jovens é dizer-se desconfortável com diferentes opiniões e com exigências da vida. Assim o que se apresenta como difícil é ir para frente e enfrentar a realidade. Afinal, a vida de adulto não é boa, assim como o mundo é bastante difícil e cruel. O que será que o mundo adulto, que começa em casa com os pais, está transmitindo para os filhos?  O sociólogo Frank Furedi observa:

Tradicionalmente, boa parentalidade foi associada com nutrir, estimular e socializar os filhos. Hoje, está associada com monitorar suas atividades. Um senso inflado de risco prevalece, demandando que as crianças nunca fiquem sozinhas consigo mesmas e estejam, de preferência, sob à vista de um dos pais todo o tempo. 

Cresci… e agora? É uma pergunta implícita presente no olhar perdido dos jovens de hoje. A pergunta anuncia uma certa estranheza. A estranheza de ter crescido e não ter percebido o processo gradual que é o crescimento em que se dá conta de sua própria existência e o que veio a fazer no mundo. Isto anuncia falta de experiências de participação e autonomia do tamanho que convém a cada etapa do crescimento. Falta de experiências levam à insegurança, uma vez que o jovem se sente despreparado para enfrentar. E, de repente, o jovem é adulto. Parece que caiu do paraíso, largado e pelado, pois até então foi exageradamente dependente dos pais. Só que tudo mudou. A idade chegou e doravante querem que eu cresça, mas eu não quero. Tá bom como tá, sem problemas, sem responsabilidades, sem filhos.

Diversamente da explicação centrada na tecnologia de Twenge, aqui se tece outra hipótese que novamente nos faz questionar como os adultos têm cumprido as tarefas como facilitadores do crescimento. Voltando aos primórdios da vida, é possível entender que na relação inicial do par mãe-bebê a dependência é absoluta, uma vez que o bebê precisa da mãe para poder viver. Winnicott aponta a condição fusional do bebê e sua mãe. A condição de acordo com quem nem sabe que existe e tampouco que ela exista também. Por isto, nesta etapa, todas as suas necessidades precisam receber o tratamento 100% adaptado da mãe. Dos modos da mãe em atendê-lo justapondo o que ele precisa na medida e no timing de sua necessidade, o bebê retirará um sentimento de ser o criador de tudo que lhe acontece. A tarefa da mãe, neste caso, é de prover esta ilusão de onipotência. No entanto, adiante, o bebê cresceu e por ter mais recursos pode começar a lidar com modos de cuidado que não são mais absolutamente colados em suas necessidades. A dependência começa a se relativizar e a mãe pode voltar-se também aos seus próprios interesses, contudo sem deixar a criança desamparada. Este é um processo de introdução gradual da criança à realidade do mundo. O cuidado parental tem como tarefa preparar os filhos para este mundo e a vida que não responde automaticamente às suas necessidades. A passagem de uma fase de ilusão para a desilusão é de suma importância, pois favorece a exposição da criança a desafios reais oportunizando o uso dos crescentes recursos ao enfrentá-las. Neste sentido, entende-se uma perspectiva sobre a resiliência como algo da ordem da construção desde que amparada pelo ambiente cuidador, como diz Winnicott:

O mais próximo que pode ser oferecido a uma criança é o desejo adulto de tomar os imperativos da realidade suportáveis até que se possa aguentar o impacto total da desilusão, e até que a capacidade criadora possa desenvolver-se, através de um talento amadurecido, e converter-se numa verdadeira contribuição para a sociedade.

No âmbito da saúde, a gradual demolição da ilusão sem a perda da criatividade, resulta no ingresso de um campo de experiências cada vez maior. O senso de si mesmo, de ser um existente e de estar no mundo, cresce na mesma medida que vai se experimentando a realização no mundo em suas crescentes participações com o prazer que acompanha esta possibilidade. Este é o alcance ético de estar no mundo.

Isso leva a uma última consideração sobre a ética de existir e estar no mundo por quem se debruça sobre isso há milênios: a religião. O filósofo Martin Buber oferece uma interpretação pessoal a respeito de um conto místico judaico. Na história, um rabino é denunciado por prática religiosa proibida e vai parar na cadeia de São Petersburgo. Ali é visitado pelo comandante da cadeia que o encontra numa tranquilidade, aquela só possível a quem confabula diariamente com Deus. O comandante faz muitas perguntas e se atém no episódio específico no livro de Gênesis para ele muito obscuro: “Como devo entender que Deus em sua onisciência pergunta a Adão: onde está você?”. O rabino responde: “Você acredita que as escrituras são eternas e abrangem todas as idades, todas as gerações e todas as pessoas?”. Diante da afirmativa do comandante, continua: “Em todas as idades, Deus dirige a cada pessoa a pergunta: Onde está você no mundo? Tantos dias já se passaram na sua vida, quão longe você foi no seu mundo?” Talvez Deus diga: “Você já viveu 46 anos. Onde você está agora?”. Ao ouvir a correta idade que tinha, o comandante diz “Bravo!” para o rabino. Por dentro, seu coração tremia. Na interpretação de Buber, todo homem é Adão e a pergunta de Deus não pretende obter resposta, mas sim produzir um efeito só possível com esta questão. Num jogo de esconde-esconde, o homem apenas busca formas de escapar das responsabilidades de seus atos, mas acaba se perdendo de si e não de Deus. Deus busca este homem, aquele que sabe onde está. A autoconsciência é decisiva para o início de um caminho na própria vida e no mundo.

Ser adulto saudável e maduro é colocar-se esta pergunta a todo momento de encruzilhada na vida ou em meio a suspiros contidos ao sentir-se atropelado na busca por satisfazer exigências. As dificuldades dos jovens em crescer apenas denuncia que se vive num mundo sem adultos maduros. 

Referências bibliográficas

BUBER, M. The way of humanity. New York: Central conference of American Rabbis, 2023.

FUREDI, Frank. Paranoid Parenting: why ignoring the experts may be best for your child. Chicago Review Press, Illinois, USA, 2002.

GRAY, J.  Cachorros de palha.  Rio de Janeiro. Editor Record, 2013.

WINNICOTT, D.W. A criança e o seu mundo.  Ed. LTC, Rio de Janeiro, Brasil, 2012.

Imagem gerada por IA

Sobre o autor

Danit Zeava Falbel Pondé

Psicanalista, mestre e doutora em filosofia da psicanálise, professora e supervisora no Instituto Brasileiro de Psicanálise Winnicottiana (IBPW) e coordenadora do grupo de pesquisa A Crise do Amadurecimento na Contemporaneidade no Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP – LABÔ.