Há tempos venho formando uma biblioteca composta por livros referentes ao nosso grupo de pesquisa “morte e pós-morte”. Não somente livros acadêmicos, livros de pesquisa com professores renomados, mas livros de experiências reais e livros de ficção. Tudo isso é imprescindível para que possamos construir conhecimento sólido a respeito do que nos propomos a fazer. Com assuntos tão específicos como o que coordeno no LABÔ, isto fica mais latente, já que sabemos que um dos objetivos primordiais do nosso laboratório é “traduzir o conhecimento acadêmico para a realidade concreta”. Não simplificá-lo, mas colocá-lo como lugar de destaque no dia a dia das discussões necessárias.
Como já estamos falando há meses, infeliz e obviamente, fomos colocados frente a frente com o assunto da morte e do pós-morte. Desde que entendemos que o mundo em que vivíamos talvez fosse morrer e que outro surgiria. Não mais belo, nem mais grato, nem mais altruísta. Mas mudado. Neste processo todo de autoconhecimento pelo que estamos passando, percebo, como pesquisadora e coordenadora do grupo, que muitos estão se questionando sobre o papel da morte e do depois (seja o luto, seja o que cada um entende a respeito do mundo vindouro). E buscam o alento em muitos lugares, em papos com amigos e nos livros. É aqui que gostaria de apontar algumas questões, como falei no início deste texto: a literatura acadêmica, a de ficção, os artigos científicos, as biografias, todas têm o poder de nos transformar para nos entendermos melhor e entendermos o mundo e as (poucas) pessoas que nos cercam. E entendermos a morte como um fator presente na vida de todos. E que, como já dissemos em artigo anterior, não pode ser jogada para debaixo do tapete.
Os grupos de pesquisa do LABÔ têm objetivos, dinâmicas e processos diferentes, mas com um ponto essencial em comum – a ânsia pelo aprendizado. Livros e livros são recomendados nos grupos e, assim, sentimos que nos entendemos melhor e percebemos que temos uma lista infinita de material de estudo. A angústia é eterna, porém feliz.
Muitos têm se interessado pelo tema da morte e muitos, recentemente, têm se debruçado e escrito sobre o assunto. A literatura é cada vez mais rica em exemplos que podem tornar nosso entendimento de mundo mais amplo. A ficção e a não ficção nos fazem entender que não somos os únicos a vivenciar determinado sentimento. Por esta e todas as razões mencionadas acima, acho que o off-lattes é um espaço também para compartilhamento de dicas. E aqui seguem as minhas a respeito de um tema que me é tão caro e tão necessário.
Observação: obviamente não esgoto nenhum assunto, não pretendo chegar a soluções absolutas, e nem dizer – “LEIA! Este livro é o melhor que li sobre o assunto”. Não existe isso. Aqui sugiro algumas leituras que me marcaram pessoalmente nos últimos tempos. Cada leitura e cada leitor é subjetivo. Sugira também o que te faz compreender melhor o mundo, o próximo, e você mesmo.
Minhas dicas:
Notas sobre o luto – Chimamanda Ngozi Adichie
The beauty of what remains – Steve Leder
Death is but a dream – Christopher Kerr
Lili (novela de um luto) – Noemi Jaffe
Pequena coreografia do adeus – Aline Bei
O lugar – Annie Arnaux
Imagem: Science library of Upper Lusatia – Görlitz, Alemanha – Ralf Roletschek/Wimimedia Commons