Revista Laboratório Temática 2 – Estudos sobre morte e pós-morte

40 anos da epidemia da aids na pandemia da covid-19: aproximações e reflexões

Em 27 de abril de 2021, pouco mais de um ano após anunciada a pandemia de COVID-19, o Brasil registrou 310.550 óbitos acumulados pela nova doença e 14.441.563 casos confirmados de contaminação. Naquela mesma data, o médico infectologista, pesquisador e professor titular do departamento de moléstias infecciosas e parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Esper Kallás (2021), publicou um artigo na Folha de S.Paulo destacando semelhanças entre duas grandes crises sanitárias vividas de modo intenso pelo país, as crises da COVID-19 e da AIDS.

Esse artigo nos instigou a examinar tais aproximações, ao nos depararmos com 40 anos da epidemia de AIDS durante a pandemia de COVID-19. A partir daí, encontramos publicações semelhantes que abordaram essa temática e nos impulsionaram a aprofundar paralelos que serão aqui desenvolvidos, considerando o contexto dessas duas crises, algumas de suas características, formas de prevenção e mitigação e aspectos como comportamento de risco, medo de infecção e contaminação, medo da morte, luto, estigmas, preconceitos e negacionismo.

A COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV2, foi identificada em Wuhan, na China, no final de 2019. Desde então, após a declaração de emergência de saúde pública de âmbito internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), até 16 de julho de 2021, o mundo havia registrado 188.655.968 milhões de infectados e 4.067.517 milhões de mortes (WHO, 2021). O Brasil registrou, naquela mesma data, a marca de 538.942 óbitos e 19.262.518 casos confirmados de contaminação. (FRANCA, 2020; BRASIL, 2021)

A AIDS, Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, é uma doença causada pelo vírus HIV e foi observada clinicamente em 1981, nos EUA. De lá para cá, estima-se que em torno de 75 milhões de pessoas tenham se infectado em todo o mundo; 32 milhões foram a óbito por doenças associadas ao vírus e outras 38 milhões vivem, atualmente, com o HIV. No Brasil, os primeiros casos foram confirmados em 1982, no estado de São Paulo. (PINTO et.al., 2007; FRANCA, 2020). Em 2019, segundo o Boletim Epidemiológico HIV/AIDS (BRASIL, 2020), foram diagnosticados 41.909 novos casos de infecção pelo HIV e 37.308 casos de AIDS – há diferença entre os números, pois nem todas as pessoas que apresentam o vírus desenvolvem a doença. No período de 1980 a junho de 2020, 1.011.617 casos de AIDS foram registrados no país.

Para ambas as crises, a testagem é de extrema importância, já que possibilita a maioria das medidas de prevenção. Medidas não farmacológicas também fazem parte das ações de redução de contaminação, como barreiras físicas, por exemplo – máscaras para a COVID-19 e preservativos para a AIDS. Além da implantação de medidas de redução de danos para mitigar os efeitos dessas doenças. (KALLÁS, 2021).

Também nas duas infecções, o termo “grupo de risco” é amplamente usado, porém, uma vez identificadas as causas e modos de contágio, esse termo tende a estigmatizar a população, contribuindo assim para discriminações. No início da epidemia de AIDS, o termo “grupo de risco” foi utilizado para identificar pessoas mais propensas a se contaminarem com o vírus HIV, enquadrando os homossexuais, hemofílicos e usuários de drogas injetáveis como parte dessa categoria. Isso colaborou para o estigma da AIDS estar relacionado à homossexualidade e profissionais do sexo. Na COVID-19, a expressão ganha força, indicando os idosos e pessoas com comorbidade, pela vulnerabilidade e probabilidade de agravamento da doença e maior risco de falecimento; ou profissionais que trabalham na linha de frente no cuidado a infectados, pela grande exposição.

Focar em “grupos de risco”, além de promover estigmatização e discriminar outras categorias vulneráveis, pode levar a uma desresponsabilização e desproteção das demais pessoas. Esse julgamento moral segrega e afasta a população da testagem e dos cuidados humanizados. (FONSECA, 2020).

Nesse sentido, é interessante pensar nos “comportamentos de risco” como importante, porém não a única, via de transmissão dos vírus, pois esse termo, pode denotar uma responsabilidade estritamente individual, desconsiderando a influência também de um complexo sistema social e estrutural que envolve educação, informações de prevenção, desenvolvimento de políticas públicas, serviços de saúde e outros. Para Eaton e Kalichman (2020), embora a via de transmissão desses vírus seja distinta, a pobreza, densidade populacional, vulnerabilidade e dificuldade de acesso a serviços de cuidado à saúde são fatores que potencializam a disseminação de ambas as doenças. As últimas décadas de combate ao HIV revelam que a mobilização social pode pressionar e mudar ações federais em prol da responsabilização em nível governamental, sobre o controle, mitigação, cuidado e oferta de suporte a pessoas e comunidades afetadas pela doença.

Para os pesquisadores (ibidem), o comportamento é uma importante forma de autocuidado. Contudo, enquanto pesquisas biomédicas seguem seu curso de desenvolvimento de forma acelerada com dedicação de cientistas e pesquisadores, é necessário que ocorram intervenções sociais em paralelo. Ambas as pandemias se apoiam em políticas públicas de educação para o controle da contaminação, entendendo que o padrão de comportamento individual é atravessado por múltiplos níveis – incluindo intrapessoal, interpessoal, comunitário e social – para identificar e transformar ações que podem representar risco.

Desde o início da pandemia de COVID-19, somos invadidos pela temática da morte em diversos âmbitos. Ela se tornou mais próxima, temida e concreta; tomou conta do nosso cotidiano, das nossas relações sociais, do trabalho, dos planos, dos valores, das leis e de um mundo que era conhecido, deixando-nos mais vulneráveis, inseguros e angustiados.

A morte é ubíqua e inexorável, uma certeza incontestável, infalível, irremissível e insuperável. Existir para o fim é mobilizador de muita angústia e sofrimento, mas também pode nos abrir e ampliar a consciência, dar novos contornos, sentido à vida e chance de reaprender a viver.

Ao longo de todo o desenvolvimento humano, enfrentamos variadas situações de perdas e lutos, vinculadas ou não à morte por falecimento. Tanto nos adoecimentos como nas pandemias e nas epidemias há diversas vivências de perdas. O luto é um processo único, individual, social, universal e espiritual que se inicia com o rompimento de um vínculo significativo, sendo este concreto ou simbólico. É uma forte experiência de ruptura que provoca diversas reações nos âmbitos cognitivo, emocional, fisiológico, espiritual e social. A morte e o luto são experiências que também carregam o potencial de profunda transformação na relação consigo mesmo, com o mundo e com o que/quem morreu. (FRANCO, 2011; PARKES, 1988).

O luto é um processo doloroso e difícil, de refazer-se, de reaprender a estar no mundo diante da nova realidade, de reorganização e reconstrução de sentido de vida. (NEIMEYER, 2001). Ele provoca quebras no cotidiano, marcando interrupções da continuidade da vida em atividades rotineiras e modificações nas relações interpessoais e intrapessoais. Nesse âmbito, o luto instaura um momento de crise, com perda do mundo presumido, perda da identidade, em que a pessoa não se reconhece mais; papéis e situações novas inauguram-se e sentimentos de diversas ordens se fazem constantes e confusos.

O conceito de mundo presumido foi elaborado por Parkes (1998), entendendo-o como o mundo que é conhecido e que traz um senso de estabilidade, segurança, controle e continuidade. Nos lutos, esse mundo é quebrado, precisando ser reconstruído. Nos contextos pandêmicos aqui estudados, o mundo presumido é afetado profundamente, nos âmbitos individual e coletivo, nos deixando em estado de alerta, medo e insegurança. (CASELLATO, 2020).

Em ambas as doenças infectantes e em seus adoecimentos, somos atravessados de maneira avassaladora pelas questões relacionadas à terminalidade, morte, perdas e luto. Receber um diagnóstico de COVID-19 ou AIDS resgata nossa condição humana de desamparo e insuficiência, por evocar o tema da morte, do luto e o medo da perda do outro e/ou de si mesmo. Acompanhar notícias de tantos óbitos ou identificar no próprio corpo a presença de um vírus, como o HIV ou o novo coronavírus, SARS-CoV2, nos coloca diante da proximidade da morte. A compreensão da fragilidade e real finitude da vida, seja pela própria morte ou a morte de alguém que amamos, nos convida a questionar valores e conceitos básicos sobre nós mesmos, sobre nossas relações, sobre nossas escolhas.

A pessoa soropositiva e a pessoa com vírus da COVID-19 podem experienciar uma situação de morte anunciada e a contaminação ser vivida como uma sentença de morte. O diagnóstico concretiza medos, angústias, conflitos, culpa pela contaminação e pelas fantasias de descuido pessoal, ameaça planos futuros e imprime a necessidade de mudanças para continuar a viver esta nova realidade. (FERREIRA, 2003; WEIDE, et. al., 2020).

Conviver com esses diagnósticos, com a pandemia ou com pessoas próximas adoecidas suscita muitos sofrimentos e perdas, pois podem trazer limitações, impactos nos contextos laborais, relacionais, sociais, econômicos, espirituais e afetivos, sensação de perda de si mesmo, interrupções de atividades do dia a dia e questionamentos existenciais.

É importante observar que as primeiras reações sociais às duas pandemias foram marcadas fortemente pelo estigma, pela discriminação e pela negação. Enquanto o HIV foi chamado de praga “africana” e “haitiana” e “peste gay”, a COVID-19 tem sido classificada de “vírus chinês”, o que tem servido para alimentar o preconceito e ações de intolerância. (ABIA, 2020).

A estigmatização de pessoas que contraíram o HIV revelou suas bases no racismo, homofobia e sexismo. O novo coronavírus também revela bases de preconceitos presentes nas relações sociais extremamente desiguais e hierarquizadas, apresentando grupos excluídos, quase condenados à morte certa, como idosos e pessoas com comorbidades, e grupos considerados como potenciais transmissores da doença, como profissionais da saúde. Esse fenômeno cria polaridade nas relações e falsas classificações de hierarquia, nas quais um grupo é desvalorizado pelo outro. O termo “vírus chinês”, por exemplo, revela esta discriminação preconceituosa, dominância social que enfraquece as relações de apoio e colaboração tão necessárias neste momento de enfrentamento e contenção da doença. (EATON e KALICHMAN, 2020).

Com relação à AIDS, mesmo com os tratamentos mais consistentes e robustos, ainda não há eliminação da doença, mas sim uma melhora na qualidade de vida e aumento na sobrevida. O estigma que leva ao preconceito, discriminação e exclusão ainda é muito presente. Pode haver um pacto de silêncio, em que as pessoas soropositivas temem compartilhar e falar abertamente sobre seus diagnósticos, levando uma vivência solitária do adoecimento. Há muita vergonha, temor à retaliação, abandono, rejeição, além de sentimentos de humilhação por serem considerados sujos, descuidados e/ou promíscuos. (MOREIRA, BLOC e ROCHA, 2012; FILIPE e SHIMMA, 2018).

No início da epidemia da AIDS, o isolamento físico foi presente em alguns momentos, em decorrência da falta de conhecimento científico sobre o vírus, sua transmissão e contaminação. Nesse período, nem todos podiam se aproximar da pessoa doente e, não raro, objetos como copos, talheres, toalhas e outros, eram separados para uso próprio, não podendo ser compartilhados – incluindo o ambiente em que o soropositivo estava. O desconhecimento, o isolamento físico, a gravidade da doença e a correlação com grupos homossexuais foram alguns fatores que levaram a um forte estigma social do HIV e da AIDS – um dos grandes responsáveis pela pessoa soropositivo ainda vivenciar seu adoecimento de forma solitária, oculta e camuflada, havendo poucos espaços seguros e autorizados para ventilar tal sofrimento. Isto é, mesmo diante de tantos progressos e a comprovação de que o isolamento físico não é necessário, ainda se observa um isolamento social que provoca solidão e potencializa o sofrimento.

O estigma e o preconceito, na vivência de adoecimentos, intensificam o isolamento, fazendo com que a perda e o sofrimento sejam vividos de forma calada, oculta, solitária, pouco expressa e não compartilhada, carregada de vergonha e receios, configurando-se como um luto não reconhecido. Essa situação provoca uma dimensão invisível do sofrimento, o qual expressa uma morte social, na medida em que a pessoa fica no lugar de não existência e de não pertencimento, não havendo amparo social para o compartilhamento e acolhimento de suas angústias, dúvidas, temores e dores. (HERNANDES, 2019).

Já na pandemia da COVID-19, “distanciamento” tornou-se uma palavra cotidiana e um ato mandatório, pois é uma barreira necessária no enfrentamento da doença e na contenção da transmissão. Aqui, o grande desafio é não transformar o isolamento físico em isolamento social. Contudo, a pandemia se estabeleceu de forma muito rápida, e o mundo entrou numa quarentena em massa. Essa situação impôs transformações rápidas, evidenciou nossa fragilidade, insuficiência e necessidade de adaptações urgentes. (CASELLATO, 2020).

Em ambas as doenças observamos o contexto do sofrimento e do luto não expresso e não vivido, assim como questões do isolamento social e vivências do sofrimento de forma solitária, tendendo a intensificar reações como culpa, tristeza, desesperança, solidão, confusão, depressão, sensação de fracasso, sentimentos de menos-valia a baixa autoestima. A vivência do distanciamento (com seus componentes social e físico), da incerteza, da COVID-19 ou da AIDS, aqui incluída nos paralelos das pandemias, podem acarretar, principalmente em um público mais vulnerável, transtornos psiquiátricos, agravação de doenças pré-existentes, abuso de álcool ou de outras substâncias e ideações suicidas. (CASELLATO, 2020).

No contexto da pandemia da COVID-19, buscando diminuir o avanço da doença e o número de infectados, foram tomadas medidas restritivas e sanitárias importantes, que levaram a impactos emocionais significativos. A ausência ou o empobrecimento dos rituais fúnebres, assim como o não contato com familiares durante a internação, criaram um cenário indigno, impessoal e desconfortável para elaboração do luto. Casellato (2020) aponta para a experiência de lutos ambíguos, natural quando a perda é obscura, ao experimentar perdas ambíguas:

[…] assim chamadas por serem indefinidas para aqueles que a vivenciaram, o que torna esse tipo de experiência não oficial para os enlutados e para sua comunidade. Tais situações não são ritualizadas nem recebem o suporte social necessário e, por isso, não favorecem o enfrentamento do luto. Desse modo, o processo pode ficar “congelado” e se manter não resolvido, gerando comprometimento físico e psicossocial ao enlutado. (CASELLATO, 2020, p. 246)

O conceito de perda ambígua foi elaborado por Pauline Boss, que, em uma de suas publicações (Boss e Dahl, 2014), explica que é uma situação na qual um ente querido está fisicamente e/ou psicologicamente ausente e a perda não é concretizada ou confirmada, dificultando o processo de luto, levando a lutos não resolvidos. As autoras destacam dois tipos de perdas ambíguas vividas pelos familiares: a) ausência física com presença psicológica. Na pandemia de COVID-19, por exemplo: despedidas sem concretudes, sensação de desaparecimento do corpo, falta de rituais. b) presença física com ausência psicológica. Na pandemia de COVID-19, por exemplo: a pessoa adoecida entrar no hospital e não ter mais contato com ela, estado de coma, intubação. Ou na AIDS e outras doenças crônicas ou degenerativas.

Dentro dessa situação, outra questão apontada por Casellato (2020) é o não reconhecimento desse tipo de rompimento de vínculo. A ausência de reconhecimento dos diversos lutos, incluindo as perdas ambíguas e simbólicas, leva a comprometimentos que tendem a ser mais solitários e intensos, impedindo o reajuste à vida e o processo de elaboração.

Na década de 90, a AIDS foi uma doença associada ao luto antecipatório, relacionada à morte certa, próxima e sobrevida curta. Atualmente, não há mais artigos sobre a vivência de luto antecipatório que envolva o diagnóstico da AIDS – muito provavelmente, devido ao avanço tecnológico, da medicina, aumento da longevidade e qualidade de vida (NETO e LISBOA, 2017). Isto é, a vivência de um luto antecipatório pode alterar-se conforme as doenças mudam a partir de sua sobrevida e de seu prognóstico. Com relação à COVID-19, com a notificação de que um ente querido foi diagnosticado com o vírus, que os sintomas pioraram, que ele foi internado ou que irá para UTI e ser entubado, pode-se experimentar um processo de luto antecipatório, pois existe a percepção de estar na iminência de uma perda. Tal experiência pode vir carregada de ansiedade, medos, sensações de impotência, tristeza, raiva, indignação, revolta, sentimentos ambivalentes e desejo da morte para alívio do sofrimento, que pode provocar culpa, podendo ser este um fator de risco para o luto complicado.

Ainda que a AIDS seja hoje entendida como uma doença crônica, conviver com esse diagnóstico ou com a presença do vírus HIV ainda provoca inúmeros sofrimentos, perdas e limitações, que repercutem em todas as esferas da vida. Nesse adoecimento, há uma trajetória complexa e pesquisadores (FILIPI e SHIMMA, 2018; LEBREGO, JUNIOR e BARROS, 2020; REIS e GIR, 2010; SANTOS, NASCIMENTO e FELIPE, 2000) enumeram algumas dessas complexidades, como: impacto do diagnóstico; comunicação do diagnóstico para familiares/amigos/parceiros; dificuldades afetivas e sociais (no trabalho, nas relações afetivas, com amigos, medo da rejeição e exclusão social); início ou mudança do retroviral; alteração da saúde e estado clínico (avaliação da carga viral e CD4); adoecimentos; internações; medo do futuro e da morte; e dúvidas, inseguranças e dificuldades fisiológicas e socioemocionais em aderir o uso dos medicamentos. Além disso, essa trajetória acompanha vivências de lutos e perdas, como, por exemplo, perda da condição de ser saudável, perda da identidade, perdas decorrentes das alterações corporais, vivências de mortes sociais e outros.

Como já foi falado, essa experiência é acompanhada de estigmas e preconceitos que velam o luto, dificultam o suporte social e potencializam dificuldades. A vivência de um luto não reconhecido no HIV/AIDS não é só experimentada pelo infectado, mas também pela família. Um exemplo disso é quando há a morte por AIDS e o(a) companheiro(a) não pode expressar seu luto porque o diagnóstico é silenciado, não podendo ser compartilhado abertamente, ou porque amigos e familiares não sabem da relação entre eles. (CASELLATO, 2005; KOVÁCS, 2008).

Doka (1989) elabora o conceito de luto não reconhecido, descrevendo-o como aquele que é silenciado e não reconhecido pelo enlutado e/ou pela sociedade. Nesse sentido, a perda não é admitida, vivida e expressada abertamente. Esse tipo de luto pode acontecer quando: a) o relacionamento não é reconhecido (amantes, relações homoafetivas); b) a perda não é reconhecida, não sendo socialmente considerada como significativa para o sofrimento (adoecimentos, incapacitações físicas, perda de emprego, perda de consciência/coma, perda de status, outras); c) o enlutado não é reconhecido, não sendo considerado como capaz de enlutar-se (crianças, profissional da saúde, pessoas com transtornos mentais); d) a morte não é reconhecida (morte por AIDS, doenças com estigmas sociais, suicídio); e e) o modo como a pessoa enluta e expressa seu pesar não é reconhecido (não chorar). (CASELLATO, 2005). Vale considerar que é possível haver sobreposições dessas situações em um mesmo luto.

O contexto pandêmico da COVID-19 favorece o desenvolvimento de lutos complicados, ao envolver fatores dificultadores desse processo, como: isolamento social, rituais tradicionais encurtados e impossibilitados, perdas múltiplas, morte solitária/violenta/trágica/repentina/inesperada, luto antecipatório prejudicado, não acompanhamento do adoecimento, caixão fechado, sem despedidas, equipes de saúde esgotadas, enlutadas e com medo.

Solidão e discriminação também são identificadas nas internações, mortes e luto por COVID-19. O medo de contaminar o outro aliena o enfermo do convívio social: visitas a enfermos internados são extremamente restritas e muitas vezes proibidas, o contato com o ente querido acontece por meios digitais, em celulares ou dispositivos conectados à internet. O enlutado, por sua vez, fica impedido de receber o carinho e o apoio presencial da sua rede de amigos ou mesmo ritualizar a perda de forma presencial e convencional, respeitando o tempo necessário para isso. Uma equipe de médicos da Suécia (Strang, 2020) se dedicou ao tema da solidão na COVID-19. Os pesquisadores concluem que a morte pela COVID-19 apresenta dificuldades no que diz respeito a conversas sobre o fim da vida e não contar com a presença de um familiar no momento da morte. Tal experiência traz consequências sociais e existenciais consideráveis tanto para pacientes como para familiares.

Diante dessa realidade, iniciou-se no Brasil um movimento que visa permitir a realização das visitas virtuais hospitalares, especialmente para pacientes sedados e em coma. Tal iniciativa gerou um projeto de lei, nomeado de “Lei Ana Cláudia Arantes”, que tem como objetivo a garantia do direito de expressão de afeto, fortalecer o tratamento humanizado, respeito à dignidade da pessoa humana e não somente o direito de despedir-se, destacando a importância da escuta das necessidades e do sofrimento dos pacientes e familiares.

Dessa maneira, juntamente com o medo de adoecer, tanto a pandemia de HIV/AIDS quanto a pandemia do novo coronavírus revelam também o medo de estar só.

Assim como Ariès (2014) aborda o conceito de morte invertida, Kovács (2003; 2008) reflete sobre o conceito de morte escancarada, o qual ainda é presente no século XXI. A morte escancarada é a morte que invade nosso cotidiano, muitas vezes, sem medir as consequências desta tamanha exposição. É violenta, brusca e repentina, não permitindo preparo prévio. Perdas múltiplas, invertidas, assassinatos, suicídio, cenas de violências, corpos mutilados, desaparecidos, são alguns fatores que dificultam sua elaboração.

Muitas notícias trazidas pelos meios de comunicação, como mídias sociais e televisão, apresentam, de forma massiva, conteúdos, cenas e imagens fortes de dor, perda e sofrimento, que provocam sentimentos intensos, sem oferecer tempo para reflexão e elaboração, sendo seguidas por propagandas ou por assuntos mais amenos. Esta é uma forma de banalizar a morte, chocando, porém não comprometendo as pessoas com tais assuntos. (KOVÁCS, 2008). Os veículos de comunicação colaboraram e colaboram para esse fenômeno, pois transmitem notícias e imagens da morte a todo momento. A imagem da morte por COVID-19 impactou e chocou a todos: valas coletivas, pessoas com respiradores, entubadas, com falta de ar, o uso do EPI completo e o impedimento dos rituais fúnebres. A imagem da pessoa com AIDS, emagrecida, adoecida e sentenciada a morrer, também foi muito usada para divulgar o perigo da doença, a ideia da morte.

Outro aspecto a ser destacado diz respeito à falta de segurança nas informações oficiais transmitidas em ambas as epidemias, ou comportamentos contraditórios de líderes também se apresentam como um fator de risco à população.

As nações precisam sentir que seus líderes estão lá para protegê-las e mitigar perigos e ameaças de toda ordem, inclusive sanitária, visando preservar a vida e a segurança física e psicológica da população. Quando isso não acontece, surge um senso coletivo de desamparo, orfandade civil e desproteção. (CASELLATO, 2020, p. 235)

Notícias falsas, comunicação sem comprovação científica, discussões sobre conspirações e origem dos vírus estimulam o medo, a sensação de ameaça e insegurança, além de formarem base para uma pandemia de saúde mental.

A forma que enfrentamos a COVID-19, em seu início – ou atualmente por algumas pessoas e governantes – foi muito semelhante ao início da Pandemia da AIDS, com relação ao negacionismo.

Na AIDS, a negação e omissão resultaram em uma significativa demora em políticas de prevenção e assistência, sendo até hoje necessário mobilizar e sensibilizar a sociedade. No caso da COVID-19, observou-se a negação na demora de respostas no âmbito da saúde pública, economia e segurança social em diversos países. (ABIA, 2020). Contudo, a velocidade da transmissão do vírus fez com que muitas lideranças políticas reavaliassem suas diretrizes de enfrentamento da crise.

Infelizmente não foi dessa maneira que o Brasil caminhou. Nossa liderança política foi caracterizada por discursos populistas, negacionistas, preconceituosos e não empáticos, que intensificaram a banalização das mortes, das doenças, dos sofrimentos, dos lutos e em todas as dimensões do cuidado, levando a movimentos anticientíficos e conspiratórios.

Diante de um governo negacionista, o luto pode ser uma ferramenta de protesto político. Em 2020/21, muitos brasileiros usaram o luto e a dor em protestos e reivindicações de melhorias e cuidados aos governantes. Protestar pelas mortes, perdas e luto é dar voz e luz ao que já está posto, mas sem validação de muitas autoridades. Casellato (2020) argumenta sobre a falta de empatia favorecer um cuidado precário ao luto e favorecem da vivência de um luto não-reconhecido, um grande preditor de risco de luto complicado. Butler (2019) discute que o luto como ato político foi uma forma encontrada de tirá-lo da obscuridade, banalização e negacionismo.

Não muito longe disso, em 2018, na 22ª Conferência Internacional de Aids em Amsterdã, ativistas brasileiros protestaram por políticas de combate à AIDS, apontando piora nas políticas de saúde e cuidados. (AIDS, 2018).

Aqui no Brasil, a histórica crise sanitária que estamos atravessando nos convoca a lançar o olhar para suas dimensões mais profundas, como já abordado anteriormente, no que diz respeito às desigualdades sociais escancaradas, vulnerabilidade de grupos específicos, estigma, preconceito, discriminação e carência de políticas públicas mais sólidas e coerentes que acompanhem, dentro do que é possível, o acolhimento e o cuidado generalizado da população. Discursos de intolerância, anticientíficos e negacionistas, além de promoverem contrariedades desnecessárias e desinformação, podem nos despertar grande insegurança, medo e angústia – diante da já evidente gravidade deste contexto pandêmico – e também nos coloca em um lugar de desamparo, onde podemos não sentir a confiança de uma liderança que nos apoie e ofereça estruturas mais consolidadas e estratégias mais assertivas de enfrentamento da crise.

Neste preocupante contexto, emergiram no país diversos movimentos e protestos por parte da população, com suas nuances particulares, mas que, de forma geral, se direcionam para a expressão do descontentamento com a atual condução governamental na política do atravessamento da pandemia.

Dentre diversas reivindicações comunicadas nas mobilizações sociais que vêm acontecendo desde o ano passado de forma mais frequente, está também muito presente a homenagem às pessoas mortas em decorrência da COVID-19. Tornou-se comum assistir a cenas de manifestantes segurando placas com o número de mortos, cruzes nas areias de praias, expressando o luto por pessoas próximas ou desconhecidas, enfermeiros com cruzes nas mãos, lembrando os brasileiros já falecidos, reivindicando melhores condições de trabalho e denunciando a exaustão e o esgotamento das equipes de saúde nos cuidados da linha de frente, entre outras ilustrações.

Para avançarmos no tratamento e no enfrentamento da AIDS e da COVID-19, é necessário superar a negação e o preconceito, investir em ciência e apoiar a população nos contextos biopsicossocial e espiritual.

Mesmo com movimentos que vão claramente na contramão dos avanços científicos e dos cuidados, observa-se, nas duas pandemias, a construção de laços de solidariedade, ajustes criativos por parte da população e políticas de apoio. (ABIA, 2020).

As leituras, pesquisas, aproximações e reflexões aqui desenvolvidas, considerando dois momentos de grande importância na história contemporânea do país, além de poderem contribuir com a construção de conhecimento, que vem sendo, infelizmente, tão descredibilizado em tempos recentes, apontam também para um ato de resistência ante a sombria desqualificação e desvalorização da ciência expressa por alguns governantes e grupos específicos.

Diante da invasão avassaladora da morte que estamos vivendo, tantos óbitos, dor, sofrimento, lutos diários e impossibilitados, e carência de lideranças e políticas públicas que nos amparem e direcionem, os movimentos individuais e coletivos que promovam espaços de reflexão, questionamentos, solidariedade e acolhimento tornam-se profundamente relevantes.

Muitas dessas iniciativas foram e estão sendo criadas em meio a sentimentos de medo, sofrimento, angústia, insegurança e tristeza que fomentam energias construtivas para o cuidado, o amor, a proteção e a transformação.

Finalizando, mesmo diante de tantos obstáculos que essas duas crises nos apresentam nas mais variadas esferas, existe a expectativa de tratamento/prevenção em ambas as infecções. As pessoas soropositivas, como apontado no texto, vislumbram uma melhor qualidade de vida, da qual não se tinha perspectiva em seu surgimento, mas ainda aguardam uma vacina. Na COVID-19, diversas vacinas vêm sendo desenvolvidas e aplicadas na população, diminuindo a possibilidade de evoluir para quadros mais graves da doença. Reconhecer os progressos já alcançados, mesmo que ainda lentos, por razões diversas, não minimiza a gravidade da situação. É importante que nós perseveremos na valorização da ciência, da vida, nos laços de solidariedade, na empatia, na afetividade e na união, para que assim os inevitáveis impactos possam ser minimizados.

Referências

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AIDS 2018: Ativistas brasileiros protestam e dizem que a sustentabilidade da política de aids está sob ameaça. Governo responde que é parceiro da sociedade civil. Agência aids. São Paulo, 25. jul. 2018. Disponível em: <http://agenciaaids.com.br/noticia/aids-2018-ativistas-brasileiros-realizam-protesto-chamam-atencao-e-dizem-que-a-sustentabilidade-da-politica-brasileira-de-aids-esta-sob-ameaca-frequente/>

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Sobre o autor

Camila Golegã

Psicóloga clínica Junguiana, Pós graduada em Arteterapia e Expressões Criativas pelo Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa/IJEP e Pós graduanda em Psicologia Analítica pelo Instituto Freedom. Pesquisadora do Grupo de Estudos sobre Morte e Pós-Morte do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP – LABÔ.

Sobre o autor

Fabíola Mancilha Junqueira

Graduada em Jornalismo e Psicologia. Mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) no Laboratório de Estudos e Intervenções sobre Luto (LELu), com pesquisa sobre Arteterapia e Luto. Pesquisadora do grupo de Estudos sobre Morte e Pós-morte do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP – LABÔ.

Sobre o autor

Luciana Romano Hernandes

Psicóloga clínica junguiana, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP no Laboratório de Estudos e Intervenção sobre Luto (LELu), Pós-Graduada em Psicologia Junguiana pelo Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa/IJEP e Pós-Graduada em Arteterapia e Expressões Criativas pelo Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa/IJEP. Pesquisadora do grupo de Estudos sobre Morte e Pós-morte do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP – LABÔ.